À luz do actual conflito entre Rússia e Ucrânia, o executivo comunitário, receando a repetição de um corte no fornecimento de gás proveniente da Rússia, tal como sucedeu em 2009, levou a cabo um estudo para calcular o impacto que o mesmo teria, chegando à conclusão que uma interrupção total por um período longo teria um "impacto substancial" nalguns Estados-membros, designadamente Finlândia e Estónia, mas também Letónia, Lituânia, Bulgária, Grécia, Roménia, Hungria e Croácia.
Segundo a Comissão Europeia, apenas a solidariedade poderia evitar impactos maiores num corte de gás russo, pelo que Bruxelas insta os Estados-membros a tomarem medidas de forma coordenada, em vez de tomarem decisões puramente nacionais, apontando que, quanto mais trabalharem em conjunto, menos casas ficarão sem calor durante o inverno, caso haja mesmo uma interrupção do fornecimento de gás da Rússia aos seus países vizinhos.
Portugal é um dos países que não seria directamente afectado, dado ter outras fontes de importação de gás — designadamente norte de África -, mas, tal como Espanha, mesmo que quisesse, não poderia ajudar outros Estados-membros, dada a falta de interligações energéticas entre a Península Ibérica e o resto da Europa, matéria para a qual Lisboa e Madrid têm repetidamente chamado a atenção dos seus parceiros comunitários.
Este relatório, o primeiro do género a ser elaborado no quadro da estratégia de segurança energética da UE, e que contém recomendações para os países potencialmente mais afectados, é divulgado no dia em que os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e Ucrânia, Petro Poroshenko, chegam a Milão, onde têm previsto um encontro na sexta-feira, à margem da cimeira ASEM (Ásia-Europa).
Putin desloca-se a Milão enquanto chefe de Estado de um dos 51 países membros da ASEM — a reunião de Milão assinalará a adesão dos 52.º e 53.º membros, Croácia e Cazaquistão -, enquanto Poroshenko foi convidado pela presidência italiana da União Europeia, tendo assim ambos a oportunidade de se encontrar pela terceira vez, numa altura em que o conflito entre Rússia e Ucrânia conhece uma fase mais desanuviada, depois de Moscovo ordenar a retirada progressiva das tropas junto à fronteira com a Ucrânia.
Na reunião entre Putin e Poroshenko, que se celebrará à margem dos trabalhos formais da cimeira, participarão outros líderes europeus, entre os quais o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande.
Lusa/SOL