As três mulheres de Agustina

É uma das grandes autoras da língua portuguesa. E teve esta semana a sua obra debatida num congresso internacional promovido pelo Círculo Literário Agustina Bessa-Luís na Gulbenkian. Foi aí que se estreou a ópera Três Mulheres com Máscara de Ferro, a partir de um texto inédito da autora (agora editado pela Babel), e que sobe…

Drama num único acto, que põe em cena três das mais imortais personagens de Agustina – Fanny Owen, Ema e Sibila – João Lourenço considerou que, por ser curto mas muito denso, o texto dramático funcionaria melhor em ópera. E lançou o desafio a Eurico Carrapatoso de o musicar. “A música tem a capacidade de insuflar ar no drama e dar-lhe o espaço e tempo de que o João Lourenço estava à procura”, explica ao SOL Eurico Carrapatoso, que aceitou logo o convite. O que foi um desafio, uma vez que o compositor se impôs manter o texto original de Agustina, sem lhe fazer qualquer alteração. “Foi um dessassossego mas sem dessassossego não há arte, não há criação. Para além de ser um texto curto e muito denso, é um drama estático. Não há o perfeito enredo, não há acção. Há três grandes mulheres, de três obras diferentes, que são colocadas pela Agustina, num rasgo extraordinário, numa conversa a três, com o objectivo de revelar o que é o principal das suas vidas”

Interpretada por Ana Ester Neves, Angélica Neto e Patrícia Quinta, e com direcção musical de João Paulo Santos, Três Mulheres com Máscara de Ferro conta com dramaturgia de Vera San Payo de Lemos, cenário de João Mendes Ribeiro, figurinos de Bernardo Monteiro e coreografia de Cláudia Nóvoa. E, salienta Eurico Carrapatoso, é uma “ópera portátil, de câmara, com um quarteto instrumental e um trio vocal”. Ou seja, deverá partir em itinerância nos próximos tempos. 

rita.s.freire@sol.pt