O general Olivier

Em 2011, a revista Forbes apontava-o como um nome a ter em conta. Afinal, o miúdo francês, à data com 25 anos e perfeitamente desconhecido para a esmagadora maioria do mundo, acabava de ser nomeado director criativo da Balmain, uma das mais emblemáticas casas de moda, criada em Paris no ano de 1946. 

Olivier Rousteing sucedeu a Christophe Decarnin que, nos seis anos à frente da marca, conseguiu ressuscitá-la e transformá-la num gigante da indústria com uma facturação superior a 25 milhões de dólares. Apesar do sucesso, em Abril de 2011, a marca confirmava a saída de Decarnin, na sequência de um colapso nervoso. Na mesma altura, a Balmain anunciou que o novo director criativo da marca era Olivier Rousteing, o braço direito de Decarnin e 22 anos mais novo.

Do jovem designer esperava-se que recuperasse a elegância associada à Balmain, sem no entanto comprometer as vendas atingidas nos anos anteriores. “Não estava à espera. Por muitas razões: a minha idade, o meu percurso e até a minha cor de pele. Hoje em dia sou um jovem mestiço numa casa de luxo, onde criei um imaginário que inclui todo o mundo. Estou muito orgulhoso de poder dizer a pessoas como a Marine Le Pen que sou um designer francês, que o futuro da França também passa por mim”.

Olivier Rousteing foi adoptado com pouco mais de um ano e cresceu em Bordéus, onde diz ter tido a melhor infância possível. “Era a criança negra da família, mas só o comecei a sentir aos 12 anos, quando na escola me começaram a chamar bastardo. Mas os meus pais sempre me disseram que não era uma questão de sangue, mas de carinho”. Quando chegou a adolescência quis ser actor e mudou-se para a capital francesa em busca desse sonho, mas depressa percebeu que era “muito mau”.

Foi assim, como uma segunda opção, que a moda se cruzou com a sua vida e se inscreveu na École Supérieure des Arts et Techniques de la Mode. Após a formatura, em 2003, rumou a Milão, dando os primeiros passos na Roberto Cavalli, onde durante cinco anos liderou as colecções femininas. Corria 2009 quando foi contratado pela Balmain como designer da linha feminina e assistente de Decarnin, que acabaria por substituir.

As criações de Olivier Rousteing foram de imediato bem recebidas pela implacável crítica. E foi somando fãs, a que apelida de 'Balmain Army'. Deste exército fazem parte caras bem conhecidas, como Naomi Campbell, Rosie Huntington-Whitely, Iman ou Rihanna, que foi a imagem da campanha da casa para o Verão de 2014. “Quando actuou em Paris passou pelo estúdio para provar algumas peças. Disse-lhe que a sua música me inspirava e mantivemos contacto. Uns meses mais tarde, mandei-lhe uma mensagem a dizer que tinha sonhado que ela aparecia na minha campanha. Logo de seguida recebi uma resposta: 'Seria uma honra'“. Deste grupo fazem ainda parte Kim Kardashian e a irmã Kendall, actualmente duas das maiores embaixadoras da Balmain.

Três anos depois de assumir a casa francesa, o designer tornou-se uma superstar da moda. Mas Olivier, apesar de consciente desse pedestal, prefere simplificar e assumir-se como um jovem do seu tempo, “feliz, frontal e perfeccionista”, que diz fazer roupa que “dá vontade de fazer sexo” e que se sente muito honrado por saber que “a Zara copia a Balmain”. Um jovem que, entre outras coisas, não vive sem o Instagram, rede social onde soma 625 mil seguidores e que vê, sobretudo, como um veículo para se dar a conhecer. “Por detrás do criador, das modelos e de todo o bling bling, está um jovem de carne e osso. As pessoas vêm-me vender vestidos de 25 mil dólares e em festas com celebridades, mas através do meu Instagram podem perceber quem eu sou. E eu também sou o rapaz que tira selfies quando acorda e que vai ao ginásio como toda a gente”. Claro que esta abertura também tem um lado negativo: “No dia do pai publiquei uma foto na qual agradecia ao meu pai por me ter ensinado tudo o que sei. Um dos comentários foi se também me tinha ensinado a ser gay”.

Foto: Musas Balmain: Rihanna, Iman e Naomi Campbell

raquel.carrilho@sol.pt