Paulo VI beatificado domingo em Roma

O papa Paulo VI é beatificado domingo no Vaticano, numa cerimónia que constitui também uma homenagem ao pontífice que concluiu o Concílio Vaticano II e instituiu a realização de mais um Sínodo dos bispos, uma estrutura que ele próprio criou.

O processo de beatificação, iniciado em 11 de Maio de 1993, foi aprovado a 10 de Maio pelo Papa Francisco, cinco dias depois de os cardeais e bispos da Congregação para a Causa dos Santos considerarem válido um milagre atribuído à intercessão de Paulo VI.

Giovanni Montini que escolheu o nome de Paulo para mostrar a sua missão de propagação da mensagem de Cristo, tornou-se papa a 21 de Junho de 1963, tendo sido o primeiro líder da Igreja Católica a viajar pelos cinco continentes e o primeiro a conversar com o líder da Igreja Anglicana e com os dirigentes das diversas Igrejas Ortodoxas do Oriente.

Paulo VI criou a Assembleia do Sínodo dos Bispos e reabriu o Concílio do Vaticano II, fechado após a morte de João XXIII, dando-lhe prioridade e orientando as suas conclusões.        

Considerado um intelectual aberto ao diálogo, Paulo VI foi o autor de várias exortações e discursos sobre a paz, a justiça e a desigualdade social e promoveu a aproximação aos países de Leste em plena Guerra Fria, principalmente através da encíclica "Humanae Vitae" (1968), em que defendeu que "a paz só pode ser alcançada através da colaboração de todas as pessoas de boa vontade, incluindo as que defendem ideologias erradas".

A encíclica tornou-se um marco na doutrina Cristã em relação ao aborto, esterilização sexual e controlo da natalidade através de métodos artificiais, servindo de base para posteriores documentos papais sobre a família, a ética conjugal e a biotécnica.

Para além da "Humanae Vitae", o pontífice escreveu outras seis encíclicas, entre elas a "Populorum Progressio", em 1967, sobre o desenvolvimento dos povos, ano em que também visitou Portugal.

A cerimónia de beatificação irá decorrer no fim da terceira Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, desta vez sobre a família.

Na cerimónia, além do papa Francisco, estará presente o emérito Bento XVI, que em Dezembro do ano passado, autorizou a avaliação da Congregação para a Causa dos Santos em relação à "heroicidade das virtudes" do pontífice que o havia designado cardeal, no final dos anos 1970.

Lusa/SOL