Excalibur
Entre os defensores dos direitos dos animais que se manifestaram contra o abate da cadela Excalibur, que pertencia à enfermeira Teresa Romero, internada no hospital por ter contraído o vírus do ébola, e uma quantidade de pessoas irada com quem se indigna com a morte do bicho, tem de haver lugar para a discussão sensata. Devo dizer que não compreendo por que razão não isolaram a cadela e não fizeram testes para perceber se era portadora do vírus. Mataram o animal, provavelmente saudável, por pânico e deste modo anunciaram ao mundo que não fazem a menor ideia de como lidar com a doença. Outra consequência da ignorância foi o despedimento do irmão da auxiliar de enfermagem, apesar de este insistir que não falava com a irmã desde Agosto. Teresa Romero parece estar a recuperar. Agora vão ter de lhe dizer que mataram o cão e que o irmão não tem trabalho por causa da doença dela. Tomara que não tenha uma recaída com tantas más notícias.
Prometo nunca me deixar
Não é ficção nem maneira de dizer: Jennifer Hoes casou em 2003 com ela própria. Só agora, tantos anos depois, tive conhecimento desta cerimónia curiosa através de um breve documentário no site da Aeon Magazine. Jennifer casou de vestido de noiva, declarou que iria ficar com ela para sempre e só lhe faltou cantar 'I married myself, I'm very happy together', dos Sparks. A oficialização de amor próprio foi pública, claro, com convidados a desejar-lhe felicidades com ela mesma. Primeiro pensei que o acto de Jennifer era de rejeição aos homens mas parece que entretanto se apaixonou por outra pessoa. Estaremos perante um caso de adultério? E se quiser casar com esse rapaz? Jennifer deixou explícitas as condições para o divórcio num contrato que assinou mas que não pôde registar. Imagino a dor de alguém ter de se separar de si próprio. Não estou certa do que Jennifer quis com este auto-casamento, mas pelas fotografias era capaz de lhe chamar arte.
O Cinco Sentidos errou
Escrevi aqui um texto irritado sobre uma areia de gato que não tinha funcionado como esperava. Fui contactada pela marca através de mensagem no Facebook. A abordagem foi de grande simpatia e profissionalismo. Tentavam perceber o que tinha corrido mal e pediram uma fotografia. Descrevi o sucedido e enviei uma imagem da liteira. O veredicto foi imediato: “Parece que está a pôr pouca areia”. Passados uns dias tinha um rapaz sorridente à porta com um saco grande de areia. Percebi o problema. Tinha de ter enchido a caixa com 8 a 10 cm de areia para permitir a absorção da urina e evitar que a areia molhada se colasse à caixa. Admiti que não o fiz porque fui forreta. Tinha comprado o pacote pequeno para experimentar e não queria gastar a areia toda de uma vez. Os dias passaram e o gato anda feliz nas suas escavações. A areia absorve o chichi e assim não se pega à caixa. É com alegria que escrevo que estava enganada.
Barca do Inferno
O genérico do programa Barca do Inferno na RTP Informação é exótico. Lembra a passarola voadora de Bartolomeu de Gusmão embora feita com um barco a remos, aí talvez a apelar ao título de Gil Vicente. A mistura continua programa adentro com a participação de Nilton e Marta Gautier. Assim foi no primeiro programa, desequilibrado. O segundo já não conta com Marta Gautier, mas continua a contar com Nilton, que talvez melhore, quem sabe? Sobre ser um programa só com mulheres a participar não tenho nada a dizer, a não ser parabéns. Só tenho pena que os temas sejam os mesmos de sempre, mas talvez seja interessante ver como a interpretação feminina não difere muito da masculina. Se existe uma função neste programa é a de mostrar que homens e mulheres opinam e discutem com a mesma intensidade sobre as mesmas coisas. Ultrapassado o trauma do género, talvez se perceba que não é por ser mulher que pensa assim. É por ser a Manuela, a Isabel ou a Raquel.