Novo Banco: Ulrich diz que aumento de capital afectaria o Estado

O presidente executivo do BPI, Fernando Ulrich, disse esta quarta-feira que um eventual aumento de capital do Novo Banco afectaria o sector financeiro e até o Estado.

Novo Banco: Ulrich diz que aumento de capital afectaria o Estado

"A necessidade de um aumento de capital [do Novo Banco] pode ser obviamente um problema com impacto mais geral, afectando o restante sector financeiro e até o Estado. Espero que essa possibilidade seja apenas uma especulação", disse Fernando Ulrich, durante a sua intervenção no ciclo de conferências PLMJ, que hoje decorreu em Lisboa, com o tema 'Reforma do IRS OE 2015'.

Em declarações à margem do evento, o presidente da instituição financeira reforçou que espera não haver necessidade de se realizar um aumento de capital, lembrando que os bancos são responsáveis por "eventuais insuficiências que venham a sobrar para o fundo de resolução". 

Como tal, questionado sobre se os 4,9 mil milhões em que foi avaliado o Novo Banco são alcançáveis numa venda, Ulrich é peremptório: "Não tenho elementos que permitam fazer essa avaliação, o que espero é que sejam suficientes para suportar o rácio de capital que foi divulgado (8,5%)".

Ulrich reiterou que como o BPI participa no fundo de resolução, a sua preocupação "é que o capital que foi alocado ao banco [Novo Banco] corresponda ao rácio de capital que foi anunciado, porque senão for, o banco precisa de mais capital e isso é que seria uma preocupação". 

Sobre o interesse do BPI na compra do Novo Banco, Ulrich confirmou que "é uma oportunidade a estudar", mas disse também que "o interesse ainda nem começou, porque o processo de venda ainda não começou", estando em curso "um estudo preliminar".

Sobre a nova administração do Novo Banco, Ulrich sublinhou a sua experiência bancária e acredita que aquela "tem condições para fazer um bom trabalho".

Durante a sua intervenção, quando questionado sobre o impacto da falência de um banco concorrente sobre a economia, Fernando Ulrich classificou também como "um mito" a ideia de que o BES "era o grande banco das PME" (Pequenas e Médias Empresas).

"Isto é mentira. Analisando o relatório e contas do BES de 2013 verifica-se que da carteira de crédito e garantias de 52 mil milhões de euros, 26 mil milhões estão concentrados em cinco sectores: construção e obras públicas, actividades imobiliárias, sociedades financeiras, serviços prestados a empresa e em outras entidades colectivas, como clubes de futebol", afirmou.

Ulrich reforçou ainda que o BES era um banco importante, mas comparável a outros como a Caixa Geral de Depósitos, o Santander e o BPI.

"O BES não é o maior, é um dos maiores", disse.

Lusa/SOL