A Veja sustenta a acusação contra os dois últimos presidentes do país em declarações à justiça de Alberto Youssef, detido desde Março devido ao seu envolvimento no escândalo da Petrobras, que envolve o desvio de fundos da petrolífera brasileira, para alegado financiamento ilegal de partidos.
Segundo a revista, Youssef disse ao delegado que o interrogava que “o Planalto sabia tudo” sobre o esquema que terá desviado cerca de 10 mil milhões de reais (mais de 3 mil milhões de euros). Quando lhe foi pedido para ser mais concreto, Youssef terá dito: “Lula e Dilma”.
Para a Presidente e candidata à reeleição, a Veja “excedeu todos os limites da decência e da falta de ética”. Em vídeo divulgado na página de Facebook da sua campanha, Dilma diz: “Sem apresentar nenhuma prova concreta, e mais uma vez baseando-se em supostas declarações de pessoas do submundo do crime, a revista tenta envolver directamente a mim e ao Presidente Lula”.
Dilma recorda que “desde que começaram as investigações” sobre o escândalo da Petrobras, tem “dado o total respaldo ao trabalho da polícia federal e do Ministério Público” e diz estar convencida que o povo brasileiro sabe que a Presidente fará “o que for necessário, doa a quem doer, para punir quem mexe com o património do povo”.
A candidata petista diz ser defensora “da liberdade de imprensa” mas lamenta que se possa publicar “esta barbaridade” sem “apresentar a mínima prova”. Algo que defende ser “um crime” com a “mais do que clara intenção de interferir de forma desonesta e desleal no resultado das eleições. A começar pela antecipação da sua edição semanal para hoje, sexta-feira, quando normalmente chega às bancas no domingo”.
“Mas como das outras vezes e em outras eleições, a Veja vai fracassar no seu intento criminoso”, diz Dilma num vídeo em que se recorda as anteriores campanhas da revista da editora Abril contra candidatos ou Presidente do PT. Um vídeo que mostra as sondagens dos últimos dias – Dilma aparece com 6% de vantagem sobre Aécio Neves na sondagem da Datafolha e 8% na da Ibope – para justificar “o desespero da Veja”.
Além da dura reacção do PT, a acusação da Veja já conheceu hoje outro duro revés, com o advogado de Alberto Youssef, que a Veja diz ter estado ao lado do arguido durante os interrogatórios, a revelar “surpresa” com o teor de um depoimento que diz desconhecer: “Eu nunca ouvi nada que confirmasse isso. Não conheço esse depoimento, estou surpreso. Estamos perplexos e desconhecemos o que está acontecendo”, disse António Figueiredo Basto.
Posteriormente questionado pela própria Veja, o advogado disse apenas não poder “confirmar o teor dos depoimentos porque estes são sigilosos”, acrescentando que sobre a reportagem da Veja disse apenas não concordar “com o vazamento (fugas de informação) dos depoimentos” à imprensa.
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