O Novo Banco (antigo BES) também será analisado. Mas, devido às mudanças dos últimos meses, as autoridades europeias não conseguem por agora apresentar a sua avaliação. A data dessa divulgação ainda não é conhecida.
Evitar novos colapsos
Como explicou ao SOL Albino Oliveira, analista da Fincor, “os bancos portugueses têm vindo a preparar-se através da venda de activos, redução das carteiras de crédito, constituição de provisões para crédito em incumprimento e outros activos problemáticos e, em última instância, quando necessário, através de operações de aumento de capital”. “Por isso”, continua, “este processo que tem decorrido nos últimos anos cria a expectativa de que os bancos poderão passar com sucesso nesta avaliação”.
Desde 2011 que as autoridades europeias não passavam a raio-x contas da banca nacional. E daqui a uma semana, passam a estar sob o escrutínio do BCE, liderado por Mario Draghi.
O objectivo dos testes de stresse é pôr à prova as instituições europeias. Na prática, simulam o impacto que um conjunto de cenários de crise económica e financeira – como fortes quedas nos mercados de dívida, aumento de custos de financiamento, desemprego ou inflação baixa – teria para a robustez dos bancos.
Um banco que não passe nos testes de esforço tem duas semanas para apresentar um plano de capitalização, “sem o qual terá dificuldades de financiamento no mercado monetário interbancário”, explicou Filipe Garcia, economista da IMF. Além disso, “se algum dos bancos portugueses não passar nos testes, e tendo em conta os acontecimentos com o BES, poderíamos assistir ao desenvolvimento de um cenário complicado, quer para esse banco quer para o sistema financeiro nacional, já que os três bancos têm balanços com activos superiores a 30 mil milhões de euros” – sublinha Pedro Lino, CEO da corretora Dif Broker.
Quanto às vantagens de passar com boa nota, “surgem ao nível da confiança que é percepcionada”: “Depois do caso BES, será bom que o sector dê sinais de solidez, quer para depositantes, quer para os agentes económicos que querem desenvolver o seu negócio”.
Resultados não vão reabrir o crédito
Alguns presidentes de bancos da Europa do Sul, citados pela Bloomberg, acreditam que os resultados positivos dos testes podem levar ao aumento da concessão de crédito.
Nos últimos anos, os bancos estiveram a vender activos e a procurar capital para se prepararem para os testes de stresse. Após a avaliação, “quando as preocupações sobre os níveis de capital estiverem resolvidas, os bancos estarão mais abertos na concessão de crédito”, referiu o presidente do Banco Popolare.
Contudo, os analistas contactados pelo SOL não estão confiantes que este cenário alastre a Portugal. “A torneira do crédito não será aberta até existirem projectos com risco baixo para os bancos financiarem. O tempo do crédito fácil não vai voltar por muito que as taxas baixem e que o resultado dos testes sejam bons, porque existem regras mais apertadas para o sector”, explica Pedro Lino.