O último dia do evento de moda espalhou-se por três edifícios emblemáticos da cidade — Alfândega do Porto, Conservatório de Música e Mosteiro S. Bento da Vitória — trazendo as propostas para a próxima estação quente de nomes como Luís Buchinho, Carlos Gil, Nuno Baltazar, Miguel Vieira, Dielmar e Fátima Lopes, esta última responsável pelo encerramento do Portugal Fashion.
Um dos momentos mais aguardados do dia era o regresso, ao fim de oito anos, de Nuno Baltazar à cidade onde tem o seu ateliê, tendo o criador explicado aos jornalistas que esta é a oportunidade de apresentar o seu trabalho "mais próximo das clientes, que vestem Nuno Baltazar e que merecem este desfile mais do que ninguém".
Interrogado sobre se esta era uma passagem pontual ou um regresso "para ficar", o designer confessou que gostaria de continuar a apresentar no Portugal Fashion, mas foi cauteloso porque "ao fim de 15 anos de carreira" aprendeu "a tomar decisões de seis em seis meses".
Para Nuno Baltazar esta colecção representa também o regresso das suas criações ao cinema, e tem uma "inspiração não óbvia" no filme "Le Mepris", de Jean-Luc Godard.
"No filme há uma luta de um dos personagens entre o cinema de Hollywood e o cinema de autor, e eu, no fundo, faço um paralelismo entre o que acontece no filme com aquilo que eu acho que está a acontecer na moda. Nesta fase, quis ser muito fiel àquilo que eu gosto de fazer, à minha identidade, ao meu ADN. É uma homenagem ao triunfo de quem não cede", justificou.
De acordo com os dados avançados à agência Lusa por João Rafael Koehler, presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) — a entidade organizadora do evento — nos quatro dias do Portugal Fashion passaram pelos vários desfiles do Porto e de Lisboa cerca de 30 mil pessoas, numa organização do Portugal Fashion "um pouco diferente do habitual", já que estiveram "em muitos espaços com os mesmos recursos".
A "elegância descontraída" foi a colecção que Miguel Vieira trouxe ao Porto, apresentando algumas peças diferentes daquelas que tinha levado à ModaLisboa, tendo o criador explicado à agência Lusa que se inspirou no desportivo chique.
"É uma colecção que mantém o mesmo ADN do Miguel Vieira. É uma colecção glamorosa, em que nós trabalhámos com tecidos das melhores casas italianas de lanifícios (…) Em toda a colecção os manequins usam ténis e não sapatos, mas são ténis muito luxuosos também", descreveu.
O desporto, mais concretamente o ténis, foi também o mote para os coordenados de Carlos Gil que trouxe "Match Point", uma colecção bastante diferente do habitual trabalho do criador, onde "pontos e linhas dão a vida a estampados de figuras geométricas com bolas e riscas, para um look rígido que se confunde com o movimento onde silhuetas estruturadas convivem com volumes que fluem".
Já Luís Buchinho trouxe ao Porto "Happy Hour" – que apresentou na última semana de moda de Paris – e ao Conservatório de Música chegou "um verão muito leve, muito bem-disposto e com uma palete de cores que bastante fresca", com tons pastel que habitualmente não surgem nas suas criações.
"Quis criar assim uma história leve e bastante descomplicada, de uma mulher que se quer muito perto da praia mas também num ambiente festivo, onde há sempre um programa pós-praia para fazer. Mistura entre o sofisticado e o desportivo, com o elemento sexy muito presente na colecção toda", descreveu à Lusa.
O encerramento do 35.º Portugal Fashion esteve nas mãos de Fátima Lopes, que trouxe à passerelle da Alfândega do Porto as propostas inspiradas nos anos 1960 e no espectáculo musical 'Sweet Charity', colecção que levou à capital francesa também com o Portugal Fashion, e que teve como novidade reservada para os portuenses a colecção de banho para o próximo verão.
Lusa/SOL