Mais de 1500 pessoas percorreram IC2 a 10 km/h

Mais de mil pessoas percorreram hoje em marcha lenta cerca de 15 quilómetros do Itinerário Complementar n.º 2 (IC2), em Leiria, num protesto pela colocação de um separador central. 

Mais de 1500 pessoas percorreram IC2 a 10 km/h

Cerca de 700 automóveis e motas, com os piscas ligados, e em silêncio, percorreram os 15 quilómetros do IC2 à velocidade de dez quilómetros por hora, exibindo cartazes e fitas pretas nos veículos, numa marcha que durou cerca de duas horas. 

Concentrados no parque de estacionamento do Estádio Municipal de Leiria, a marcha iniciou-se pelas 15:00, tendo rumado ao IC2, no sentido Sul-Norte, logo após um minuto de silêncio em memória de todas as vítimas mortais na estrada.

No regresso, realizou-se a primeira paragem, entre os dois cruzamentos da freguesia da Boa Vista, onde uma jovem universitária perdeu a vida, no passado dia 06 de Outubro. O momento serviu para familiares e amigos prestarem uma homenagem simbólica à vítima.

Poucos quilómetros mais à frente, nova paragem foi efectuada para lembrar a última vítima mortal, uma lojista de 42 anos, que morreu no dia 17 de Outubro numa colisão frontal.

O vice-presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, que se associou à iniciativa, afirmou que "alguém tem de ser responsabilizado" pelas mortes neste troço. "Manter a situação actual é uma atitude de profunda irresponsabilidade. De um lado está a decisão da vida. Uma ausência de decisão é estar a promover a morte", alertou o responsável.

Para Gonçalo Lopes, "esta é uma manifestação clara dos leirienses de dizer basta ao que está a acontecer no IC2, num troço de 15 quilómetros, que em menos de dez anos matou 73 pessoas".

"Quem ignorar estes dados, está a ignorar o povo português", apontou Gonçalo Lopes.

Um dos organizadores da marcha lenta, que foi organizada a partir da rede social Facebook, Frederico Sousa, revelou que vai ser constituída uma comissão de utentes do IC2, numa luta "que não é só de Leiria, mas de todos os que passam no IC2". 

"Ninguém é ingénuo e pensa que no fim desta iniciativa tudo ficará resolvido. Vamos constituir uma comissão de utentes para futuras lutas. Esta é uma demonstração de cidadania que nasceu de forma espontânea para alertar para os 15 quilómetros do corredor da morte", referiu Frederico Sousa.

O adjunto dos Bombeiros Voluntários de Leiria, Paulo Pedroso, lembrou que "há 14 anos que os bombeiros lutam por um separador central", porque são os bombeiros que vão ao local "tentar minimizar os estragos" dos acidentes e têm "sofrido na pele a dor" de muitos.

Além da Câmara e dos Voluntários de Leiria, as juntas de freguesia de Boa Vista e Santa Eufémia e de Pousos, Leiria, Barreira e Cortes também se associaram à iniciativa.

No final, Frederico Sousa considerou que marcha lenta foi "um sucesso", com "mais de dez quilómetros de fila".

"Esperamos com isto chamar a atenção real para aquilo que se está a passar. Como se viu hoje não é nada complicado colocar ali um separador central", salientou Frederico Sousa, prometendo que "os leirienses não se vão calar".

Lusa/SOL