A ideia consta das conclusões do estudo "VIH/Sida — Financiamento e Contratualização assente na eficiência e qualidade", realizado pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), com o apoio de um laboratório, que serão hoje apresentadas em Lisboa.
O principal objectivo deste estudo foi "compreender se o modelo de financiamento do VIH/Sida se adequa às boas práticas definidas para esta área de tratamento".
Para tal, foram convidados 295 peritos de diferentes áreas profissionais, sendo que o painel é composto maioritariamente por administradores hospitalares (33 por cento) e médicos (31 por cento).
Sobre a articulação entre hospitais e cuidados de saúde primários, 71% do painel considera que "não se deve equacionar a transferência dos doentes para o médico de medicina geral e familiar, mesmo com menor complexidade de tratamento".
No entanto, 87,1% dos peritos refere a importância dos cuidados de saúde primários para o diagnóstico precoce, concluindo que "o tratamento é reservado aos hospitais" e que os médicos especialistas têm dificuldade em dar alta para o tratamento nos centros de saúde.
Em relação aos indicadores sugeridos para monitorização do modelo de financiamento, uma larga maioria propõe o tempo desde a infecção e detecção, a adesão à terapêutica e o acesso à inovação.
Os peritos reconheceram igualmente a obrigatoriedade de ser levada em conta a avaliação do próprio utente, relativamente ao sistema.
"Em termos da articulação de cuidados é consensual que a reorganização passa por uma liderança clínica forte (74,2%) e pelo abandono de uma lógica de serviços em favor de uma abordagem multidisciplinar (83,9%)", lê-se nas conclusões.
Uma larga maioria dos peritos (93,5 por cento) refere que "os utentes devem poder saber se estão a ser tratados numa unidade que segue o estado da arte e consideram que deve ser implementado um mecanismo de auditoria ao cumprimento das Normas de Orientação Clínica (NOC)".
A sua avaliação deve ser do domínio público, indicam 74,2% dos peritos.
Lusa/SOL