Processo sexual

Pelo acórdão do Supremo Tribunal Administrativo, ficámos a saber que a actividade sexual não tem a mesma relevância com o avançar da idade. Esta afirmação ridícula foi a desculpa para reduzir uma indemnização mediana (175 mil euros) para uma má prática profissional cometida há quase 20 anos. Os juízes exibiram a sua estupidez para justificar…

Escravatura

O Facebook e a Apple anunciaram recentemente que estão disponíveis para gastar uns milhares de dólares a congelar os óvulos das funcionárias que quiserem adiar a maternidade para poderem trabalhar 80 horas por semana. Não anunciaram esta segunda parte mas as intenções são claras. As empresas só não revelaram um pormenor que talvez interesse às funcionárias de 29 anos que entrem nesta aventura: o procedimento de recolha de óvulos para congelamento é invasivo e hormonalmente violento. O procedimento seria aliás o primeiro de uma série de vários quando depois tentassem engravidar. E se, aos 40 anos, a mulher estiver sozinha ou tiver um marido infértil ou sem vontade de ser pai? A propósito, estas empresas congelam espermatozóides dos seus funcionários? Toda esta violência física e emocional para quê? Para garantir um emprego em troca da saúde a empresas que não sabem o que fazem? Há uma resposta para o que estas empresas estão a fazer: escravatura.

Altos e baixos

Parece que a Universidade de Nova Iorque fez um estudo psicológico e sociológico que conclui que as pessoas mais atraentes têm uma vida social melhor e mais longa do que as outras. Mas a bomba psicossocial é a seguinte: desse grupo de mais atraentes são os homens de estatura baixa que têm os casamentos mais estáveis e felizes. No site da BBC News publicaram um comentário anónimo a esta conclusão que defende que os mais baixos são capazes desta façanha por serem pessoas desesperadas. Desde pequenos que tiveram de competir com os mais altos e fizeram dessa luta um modo de vida. Napoleão é citado como exemplo, não só pela sua altura lendária como pelo amor por Josefina. O comentário bem disposto sublinhava que o desespero dos baixos gera sentimentos de gratidão. Quer a mulher seja alta ou baixa, o homem baixo acordará feliz e grato ao lado dela. Parece-me que o texto foi escrito por um homem atraente e alto que foi trocado por outro mais baixo.

A competitiva

A presidente do Círculo Empresarial espanhol, Mónica Oriol, afirmou em tempos «prefiro contratar mulheres de 45 anos ou de 25 anos para evitar 'o problema' de ficarem grávidas». As críticas não se fizeram esperar. Uma procura simples na internet levou-me aos seis filhos de Mónica Oriol, a mulher que é contra a gravidez no trabalho. A contradição é evidente e a atitude difícil de compreender. Mas tenho uma teoria verdadeira e sofisticada para este caso feio. Oriol é uma daquelas mulheres que não quer que mais ninguém tenha filhos: só ela é que pode ter. Aliás, só ela é que tem. O resto da humanidade do género feminino tem de escolher entre a maternidade fora do mercado de trabalho ou o trabalho sem crianças a precisar de cuidados em casa. As duas coisas juntas não têm nada que estar ao alcance de mais nenhuma mulher. Oriol é que manda em casa e no trabalho. Não quero que estas subtilezas escapem a ninguém.

Imunes a tudo

Dizem que em Inglaterra está a ficar na moda entre os socialites darem beijinhos no ar para evitarem o contacto. Claro que os beijinhos no ar se devem ao pânico do contágio do ébola. É sabido, contudo, que os anglo-saxões não são muito dados a beijinhos. Mas talvez por esta forma de cumprimentar ser tão histriónica, imagino que se tornará mais comum do que os verdadeiros beijinhos nas bochechas. O mundo latino, franceses incluídos, se também entrar em pânico, poderá vir a sofrer mudanças drásticas. O que será de nós se não pudermos tocar, beijar, fazer festinhas nos nossos amigos? Se o mundo se tornar ebolafóbico, também ficará ridículo. Vi num site uma imagem de uma mulher num aeroporto vestida com um fato isolante parecido com os que usam nos hospitais, mas feito com sacos de plástico. Começamos com beijinhos no ar e acabamos fechados nas nossas casas. O que nos vale é já termos sobrevivido às vacas loucas, à gripe da aves e à gripe A.