O mote é simples, dado logo no primeiro capítulo, um depoimento de Carlos Lopes na primeira pessoa: “Na altura em que me surgiu a diabetes chegou a assaltar-me a ideia de que 'estaria a morrer aos bocadinhos' e por sua vez isso conduziu-me à convicção de que seria necessário cuidar-me, prevenir-me e fazer 'todo o trabalho de casa' indicado pelo médico'“. A viagem por esta doença crónica começa em passo de corrida. É que o ex-atleta olímpico – que arrebatou a primeira medalha de ouro para Portugal na prova máxima do desporto mundial, em 1984, nos jogos de Los Angeles – co-assina o livro com Luís Gardete Correia, da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (uma das mais antigas em todo o mundo), que percorre a história da doença e das primeiras tentativas terapêuticas, e completa com conselhos práticos de prevenção e tratamento.
Como surgiu a decisão de publicar mais um livro sobre a diabetes?
As pessoas com diabetes têm necessidade de ser informadas e formadas sobre como gerir correctamente a diabetes. É uma doença crónica em que todos os dias e dentro do dia as pessoas tem que tomar decisões e atitudes. Assim este livro serve de ferramenta de apoio ao longo da vida. Tem junto outra mais valia, que é a cara dada por Carlos Lopes, campeão olímpico que nos conta partes da sua vida relacionada com a diabetes, identificando-se com o que acontece a milhares de pessoas deste país.
Por que decidiu associar-lhe Carlos Lopes?
Carlos Lopes quis associar-se divulgando a sua experiência e também o sucesso no controlo de mais este desafio da sua vida.
Teoricamente, um atleta olímpico estaria a salvo da doença, tendo em conta que praticou desporto de alta competição durante muitos anos. Ninguém está a salvo da diabetes? Temos todos de ter o mesmo nível de atenção aos sinais?
Carlos Lopes tinha uma susceptibilidade para a doença e o facto de ter parado a sua actividade e aumentado muito de peso serviram de factor desencadeante para o aparecimento da diabetes.
O livro separa as águas em relação à diabetes – a de tipo 2, resultante de hábitos sedentários e de alimentação desregrada, é a mais prevalente em Portugal e no mundo. Continua a aumentar, apesar de todos estes esforços?
Sim, a diabetes tipo 2 está a aumentar muito em Portugal. A crise, o envelhecimento da população, a emigração dos jovens e o aumento da obesidade têm tido um papel decisivo.
Nos países ditos 'emergentes' a tendência é a mesma?
Sim, por várias razões entre as mudanças dos hábitos alimentares, com o abandono dos hábitos tradicionais e um aumento do sendentarismo.
Com a crise e o desinvestimento anual na saúde, a diabetes pode constituir um risco maior?
A crise tem elevada responsabilidade com a deslocação dos hábitos alimentares para alimentos de alto valor calórico. Ricos em gorduras e açúcares e mais baratos.