Os portugueses estão a poupar cada vez mais. Se, em 2008, com a crise e a escalada da Euribor, a taxa de poupança das famílias bateu nos 7% – um mínimo pelo menos desde 1995, quando rondou os 12,7%, segundo o Eurostat –, veio a recuperar nos anos seguintes.
Em 2011, ano marcado pelo pedido de ajuda externa, o indicador que mede a parte do rendimento não usada em consumo, voltou a deslizar, caindo de 10,1% para 9,7%.
Um ano depois, porém, deu-se a inversão. Com a taxa a fixar-se nos 12%, arrancava o caminho do aforro. As famílias portuguesas estavam a poupar mais do que a média da União Europeia (11,2%), acima das irlandesas, britânicas ou espanholas, e apenas ligeiramente abaixo da média na Zona Euro (13%). No ano passado, registou-se nova subida, para 12,6%.
«Apesar de terem menos rendimento disponível no fim do mês, as famílias continuam a ter a preocupação da poupança. Estão mais responsáveis na forma de lidar com o dinheiro», relata Natália Nunes, do Gabinete de Apoio ao Sobreendividado, da Deco, evidenciando «uma alteração de comportamentos».
Na hora de gastar, o preço continua a ser um factor de peso na decisão e há mais racionalidade nas escolhas. No supermercado, os consumidores passaram a optar por marcas ou gamas de produtos mais baratos. E não abdicam de fazer comparações entre várias lojas, recorrendo à internet.
O ideal é guardar 10% do rendimento, por mês
«As famílias começaram a negociar tarifários de telecomunicações ou de seguros, o que já não acontecia há uns anos», descreve Natália Nunes.
Graças à austeridade, com o aumento do desemprego e dos impostos, a redução dos salários e a incerteza quando às reformas, os portugueses passaram a pôr mais dinheiro de lado, por precaução.
O ideal, e sendo possível, é que todos os meses se consiga aforrar 10% do rendimento. Segundo os especialistas, as famílias devem ter um fundo de emergência equivalente a cinco a seis vezes o respectivo ganho mensal, para acautelar imprevistos.
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ana.serafim@sol.pt