OE 2015 e as contradições de Passos Coelho

O OE 2015 lá foi ontem aprovado com os votos da maioria, e a rejeição de toda a oposição. Passos Coelho, como de costume, disse-se e desdisse-se. Já não falo daquela sua ideia hesitante, de anteontem, de repor os ordenados da Função Pública conforme o exigido pelo Tribunal Constitucional, e de garantir 2 horas depois…

​Repegando em palavras de uma crónica de Vasco Pulido Valente, Passos não é pessoa que se odeie. Tem uma insignificância que dá apenas para embirrar um bocadinho, apesar da forma como trata os mais pobres, como empobrece o Pais e como aumenta a dívida pública (não por mania das grandezas, como Sócrates – tão igual em muita coisa, incluindo na teimosia e no mau governo), porque estamos seguros que há hipóteses de corrigir em breve a maioria da sua asneirada. Sobretudo, se António Costa tiver o cuidado de ler Piketti, e não sonhar apenas com um crescimento que poderá beneficiar essencialmente os mais bem instalados.

​Mas é curiosa a forma como Passos, mesmo sem ter ideia de nada, um dia é muito Constitucionalista (até invocou a Constituição, mal e obviamente sem a conhecer, para defender  com o que ele pitorescamente chama o ‘pote', ou o que os outros chamarão antes o Governo, até Outubro, sem reparar que a Constituição prescreve apenas 4 anos a um Governo, e que a Lei Eleitoral, neste caso anti-constitucional, é que fala em eleições em Outubro); e no outro dia lhe dá para ser completamente anti-Constitucionalista.

​E cá temos um OE para 2015, desde já chumbado pela insuspeita UTAO (Unidade Técnica de Apoio ao Orçamento), e que desde a existência deste Governo passou para um plano de tal indiferença, que se multiplicaram os Orçamentos Rectificativos. Tanto como os anos em que Passos olha para o fundo do túnel, e com a sua voz muito colocada, tipo Massamá em ascensão, vê todos os anos, desde 2012, vir aí a viragem – sempre no ano em curso, e no seguinte. Se não fosse o mal que faz ao Pais todo, era caso para dizer: ‘coitado!’