Entre hoje e 14 de Novembro o público francês poderá conhecer de perto o trabalho do encenador, num texto assinado e interpretado por si e que, na Bastilha, será representado em francês. Em cada apresentação, um grupo de dez pessoa juntar-se-à a Tiago Rodrigues para com ele, em palco, aprender um poema de cor perante os espectadores. E por que motivo está toda esta gente a decorar um texto? Para salvar as palavras. É que, enquanto o texto é decorado, um escritor é preso, um bombeiro decide queimar livros e uma cozinheira perde a visão.
Com histórias reais e ficcionais, algumas delas da sua própria família, Tiago Rodrigues lembra a importância de decorar os textos, para que estes fiquem em nós, mesmo que todos os livros sejam confiscados e censurados, mesmo que todas as bibliotecas sejam queimadas ou fechadas, mesmo que todas as palavras nos sejam interditas. E por isso criou o texto usando fragmentos e citações de autores como Shakespeare, Ray Bradbury e George Steiner. Autores cujos textos permanecerão imunes ao passar dos anos. Mesmo que as suas páginas sejam queimadas.
Veja aqui um excerto da peça: