Cavaco e a condecoração de Sócrates

Por alguma razão, Cavaco Silva, político com quem continuo a simpatizar (recordando os seus governos como os mais progressistas e dos mais sociais do Portugal pós-25 de Abril), inaugurou as presidências não consensuais, e publicamente apupadas. É que embora alguns dos seus antecessores se tivessem alinhado politicamente tanto como ele, nenhum o fez tão desastradamente…

Agora, nas condecorações, não se importa de dizer ao que veio. Apressa a de Durão Barroso, um mau presidente da Comissão Europeia, mas a si e ao seu partido ligado, e a que muitos por cá foram levados a apoiar com o argumento nacionalista de ser português. E continua a deixar para trás o ex-primeiro-ministro Sócrates, ignorando a tradição portuguesa de se condecorarem sempre os ex-primeiros-ministros.

Poderá pensar que a impopularidade de Sócrates o ajuda. Mas não o ajuda nada, só ao outro, transformá-lo em vítima de politiquice mal calculada.

E forçar elogios à presidência europeia de Barroso, só pode pretender fazer esquecer que ele foi para lá escolhido, depois de sofrer a maior derrota de sempre do seu partido numas eleições europeias: uma escolha portanto que subverte todos os princípios democráticos, num momento em que o sistema é contestado um pouco por toda a Europa. Pretenderá ser mais uma atitude anti-sistema?