«Há um grupo de convidados excepcional com 18 grandes realizadores, uma selecção de filmes em competição que nos deixa muito contentes, antestreias que reflectem a criação cinematográfica deste ano e dois momentos de reflexão: a relação entre a moda e o cinema e o simpósio sobre como as barreiras público-privadas estão a desaparecer, com a presença em directo, em debate com o público através de videoconferência, de Julian Assange», diz Paulo Branco ao SOL.
John Malkovich e Maria de Medeiros são os homenageados. Destaque para a antestreia de Variações de Casanova, de Michael Sturminger, e para a exposição ‘Malkovich, Malkovich, Malkovich: Homage to Photographic Masters’, de Sandro Miller. No que toca a Maria de Medeiros, será exibida a sua obra como realizadora e nos filmes em que actuou.
Também em retrospectiva estarão os filmes do francês Philippe Garrel, do russo Marlen Khutsiev, do polaco Andrzej Zulawski, do argelino Tariq Téguia, do brasileiro Kléber Mendonça Filho, e do espanhol Gonzalo García Pelayo. Considerando que são todos realizadores excepcionais, Paulo Branco destaca Khutsiev: «Está ao nível de um Sokurov ou de um Tarkovsky. É a primeira vez que se faz uma retrospectiva destas do Khutsiev. Há uma prevista, num festival internacional, para o ano».
‘Ficção e Realidade: Para Além do Big Brother’ é o mote para um simpósio internacional que tem como objectivo pensar a vigilância: Baltasar Garzón, Juan Luis Cebrián, Edgar Morin, Jennifer Robinson e Jérémie Zimmermann são alguns dos participantes, bem como Julian Assange, que se juntará por videoconferência à conversa.
De resto, há 12 filmes em competição, que chegam dos quatro cantos do mundo, representando a cinematografia europeia, asiática, americana e do Próximo Oriente (o júri é composto por Francisco Tropa, pela fotógrafa Nan Goldin, pelo artista Philippe Parreno e pelos escritores Dimítris Dimitriádis e Dorota Maslowska). «A nossa escolha abrange o que de importante se produziu mundialmente. Alguns passaram em grandes festivais, mas não nas competições ou não tiveram prémios. Quisemos realçar a sua importância. Há filmes que passam nos festivais e que não têm prémios e que, posteriormente, se afirmam muito mais importantes do que os que tiveram».
De Duran Duran a Nick Cave
Fora de competição há 22 obras em estreia nacional. Saint Laurent, de Bertrand Bonello, e Winter Sleep, de Nuri Bilge Ceylan (vencedor da Palma de Ouro deste ano em Cannes) são os filmes de abertura, enquanto Mommy, de Xavier Dolan (Prémio do Júri em Cannes) e Dumb And Dumber To, de Peter e Bobby Farrelly, têm honras de encerramento. Pelo meio, destaque para Bai Ri Yan Huo, de Yi’nan Diao (Urso de Ouro em Berlim), Maps to the Stars, de David Cronenberg, e La Meraviglie, de Alice Rohrwacher (Grande Prémio do Júri em Cannes). Há, ainda, oportunidade para ver Pasolini, de Abel Ferrara, Duran Duran: Unstaged, de David Lynch, Nick Cave: 20,000 Days on Earth, de Iain Forsyth e Jane Pollard e Mr. Turner, de Mike Leigh.
Em paralelo, será ainda apresentada a série Vozes para Um Mundo Melhor, na qual Baltasar Garzón conversa com líderes internacionais tendo como tema a Declaração Universal dos Direitos Humanos. E Saint Laurent serve de mote para se debater a relação entre o cinema e a moda, com nomes como Emmanuel Ungaro e Felipe Oliveira Baptista.
Por fim, a literatura é outro dos focos do festival, com as presenças de, entre outros, John Berger e Peter Handke que verá Os Belos Dias de Aranjuez, encenada no CCB (ver texto ao lado). Destaque ainda para ‘Here & Now’, mostra de litografias de David Lynch e obras de Jean-Michel Alberola e para o concerto de Arto Lindsay & Band.
De resto, entre os muitos convidados presentes, prometem casa cheia Wes Anderson, Stephen Frears e William Dafoe. «Que o público possa desfrutar destas presenças e que não descubra, anos depois, que estas personalidades estiveram cá e não deu por elas», espera Paulo Branco. O melhor será consultar o programa completo em www.leffest.com.