A situação é considerada "grave" para a aviação e, segundo dados a que agência Lusa teve acesso, o GPIAA recebeu 108 reportes em 2012, número que praticamente duplicou em 2013, para 215.
De Janeiro a Outubro deste ano os incidentes com raios lasers aumentaram significativamente, para 218, perfazendo um total de 541 ocorrências reportadas por pilotos de várias companhias aéreas e pela NAV Portugal — prestador de serviço de tráfego aéreo -, desde 2012.
Só este ano, verifica-se que, dos 218 reportes registados, 94 ocorreram no Aeroporto do Porto, 70 no Aeroporto de Lisboa, enquanto em Faro há o registo de 34 situações relatadas e 20 nos aeroportos dos arquipélagos da Madeira e dos Açores.
"Incidir um feixe luminoso de um laser para a cabine de uma aeronave não é apenas um ato criminal, é uma questão de segurança grave para os pilotos", alertou o director do GPIAA, em declarações à agência Lusa.
Álvaro Neves explicou que a incidência de um laser "pode ocasionar um dano à visão do piloto, com queimaduras e hemorragias na retina, além de distracção e uma cegueira momentânea, que impossibilita manter a proficiência de pilotagem da aeronave em segurança, culminando até mesmo com a perda de controlo em voo".
O director do GPIAA, face ao aumento das situações a nível nacional, considerou ter chegado o momento das autoridades nacionais responsáveis pela segurança operacional na aviação civil, onde se insere este organismo, darem início ao estudo de acções a desenvolver "para combater esta situação descabida e perigosa".
"Será importante implementar uma campanha que visa consciencializar a população quanto ao perigo que o uso do raio laser representa para os pilotos e aeronaves, incentivando a denúncia para os órgãos policiais", salientou Álvaro Neves, alertando para a necessidade de se tipificar na lei (criminalização) estes comportamentos, uma vez que há um vazio legal.
Só este ano em Portugal, "em dezenas de incidentes de laser com aeronaves", os pilotos relataram efeitos visuais adversos temporários, "tais como cegueira tipo flash, imagem posterior, visão embaciada, irritação nos olhos e dor de cabeça", contou Álvaro Neves.
O director do GPIAA classificou como "impressionante" o número de reportes de ocorrências com raios laser em território nacional, tendo em conta a dimensão do país, acrescentando que tal "brincadeira" apenas demonstra o desconhecimento por parte dos autores do perigo que este tipo de comportamentos representa para a aviação civil.
Lusa/SOL