Mas a frase é do que foi o candidato do partido A Esquerda nas eleições para o Governo Estadual da Turíngia, estado alemão situado no leste, da antiga República Democrática Alemã (RDA). Apesar de não ter saído vencedor da votação de Setembro, tudo indica que Ramelow tomará posse em Dezembro como primeiro líder estadual da Alemanha reunificada eleito pela formação política herdeira do Partido de Unidade Socialista, que dominava o regime comunista da RDA.
Uma decisão da direcção regional dos socialistas do SPD, que a nível nacional estão aliados à CDU de Angela Merkel no Governo, que foi tomada na semana em que se completa um quarto da queda do Muro de Berlim, símbolo da divisão que por mais de 40 anos separou os democratas ocidentais dos comunistas de Leste.
Caso os quatro mil militantes locais do SPD aprovem a decisão, a vitória da CDU na Turíngia (33,5%) será contrariada por uma coligação de A Esquerda (28,2%) com o SPD (12,4%) e os Verdes (5,7%).
Merkel, que antes da votação tinha pedido aos eleitores para não deixarem “Karl Marx entrar num Governo estadual”, não se deixa levar pelas promessas de austeridade e responsabilidade fiscal. Fala agora de “uma situação deprimente para o SPD na política estadual” para um “partido orgulhoso do seu centro-esquerda popular”.
Mais duras foram as críticas do Presidente Joachim Gauck, outro antigo habitante da RDA: “As pessoas da minha idade, que viveram na República Democrata Alemã (Leste), têm muitas dificuldades em aceitar isto”.
Gauck duvida que os membros de A Esquerda se tenham “realmente distanciado das ideias que o Partido de Unidade Socialista tinha sobre a repressão do povo”. E não parece interessado no facto do partido herdeiro ser constituído também por esquerdistas da Alemanha Ocidental, como Bodo Ramelow.
O líder nacional de A Esquerda, Gregor Gysi, lembrou as funções maioritariamente cerimoniais do Presidente para acusar Gauck de “polarizar a sociedade quando devia promover a reconciliação”.