As obras do “Projecto Muro” começaram em Setembro, por ordem do Petro Porochenko, Presidente da Ucrânia. “Duas linhas de defesa foram planeadas, com o objectivo principal de prevenir a infiltração do adversário em território ucraniano”, anunciava o comunicado do grupo antiterrorista do Exército, expondo pela enésima vez a cumplicidade entre o Governo russo e os movimentos separatistas de Lugansk e Donetsk, originados após a revolução popular em Kiev que derrubou o ex-Presidente e pró-moscovita, Viktor Ianukovich.
Para já, os trabalhos iniciaram-se na região de Carcóvia, junto à fronteira com a Rússia mas afastada do epicentro da violência que tem reinado nas zonas separatistas. Ainda segundo o comunicado, os planos iniciais incluem a construção de “um muro de 60 quilómetros, milhares de quilómetros de valas para soldados, veículos de combate e linhas de comunicação e quatro mil trincheiras para soldados”.
O texto não expõe o objectivo de fortificar os 2.295 quilómetros de fronteira que o país tem com a Rússia, que o Kiev Post diz nunca terem sido demarcados, mas a nova liderança política de Kiev, cuja principal promessa é a de reformar o país para o aproximar da União Europeia, não faz questão de o esconder. “Ninguém nos dará um regime de livre circulação se não houver fronteira com a Rússia”, defende o primeiro-ministro Arseni Iatseniuk, para quem o novo muro prova que a Ucrânia e a Rússia “não são uma Nação, com diz Putin e pensa o Kremlin”.
Iatseniuk adianta que Bruxelas já prometeu apoiar o projecto, avaliado em mais de 60 milhões de euros, com 14 milhões, segundo o Kiev Post. O norte-americano DailyBeast diz que o antigo pugilista Vitali Klitsckho, eleito autarca de Kiev depois de se ter tornado um herói da revolução, apelou à angariação de fundos num evento recente em Berlim, um “pedido pouco habitual que levantou alguns sobrolhos”.