Bulldog, com dono

O homem por trás do gin Bulldog esteve em Portugal, depois de o país ter chegado ao 2.º lugar no top de vendas mundial, assumindo-se como um dos grandes consumidores no mundo das bebidas destiladas, apenas atrás de Espanha.

Quem imagina Anshuman Vohra como um típico britânico, descendente de uma vasta linhagem de apreciadores de gin, está muito enganado. Primeiro por que Anshuman (como o nome revela) é indiano, filho de diplomatas, viveu em meia dúzia de países, reside actualmente nos Estados Unidos e só em 2004 reparou que “havia uma necessidade de melhorar dois aspectos no gin: o sabor e a imagem. Para o primeiro, apostei numa variedade suave, aromática e leve, e para o segundo pensei num produto jovem, na moda e elegante”. No entanto, nessa altura trabalhava a tempo inteiro na JP Morgan, e sobravam-lhe apenas os fins-de-semana e as noites para poder escolher o produto, delinear o plano de negócio e fazer o levantamento do capital necessário e dos parceiros certos, sendo que o seu primeiro investidor foi, nada mais, nada menos, do que o seu colega de apartamento.

Finalmente, em 2006, deixou o emprego – para muitos de sonho – em Nova Iorque e dedicou-se em exclusivo ao mundo do gin. “Sempre quis ser empresário. Fiquei ainda mais entusiasmado quando decidi qual o produto em que iria investir e estabeleci uma visão para o mesmo”, disse aos jornalistas durante um encontro no Hotel Sheraton, em Lisboa.

Actualmente a sua assinatura é um gin artesanal, com uma mistura de 12 botânicos de oito países e três continentes. Agora parece um grande feito, mas em 2007 o jovem de 36 anos vendia pessoalmente o seu gin porta-a-porta na cidade de Nova Iorque, contando apenas com a ajuda de mais um vendedor.

“Os meus pais, como em qualquer boa família indiana, queriam que eu fosse médico. Quando lhes disse que o meu sonho era ser banqueiro, ficaram muito zangados, mas quando lhes disse que ia largar o meu trabalho, aparentemente estável, para abrir a minha própria empresa, ficaram estupefactos!”, diz a brincar, admitindo que hoje já estão mais satisfeitos com o seu sucesso no mundo empresarial. Não é para menos, no ano passado produziu mais de 900 mil garrafas, sendo que só Espanha representa 60% do volume de negócios global da empresa, que está presente em 22 países. 

patricia.cintra@sol.pt