Segundo um livro recentemente publicado por dois jornalistas do Le Monde, Fillon terá pedido a Jouyet para que o Eliseu pressionasse os magistrados para acelerarem os processos judiciais que envolvem o antigo Presidente, regressado à política em Setembro como candidato à liderança da União por um Movimento Popular (UMP), o maior partido da oposição.
“Atinjam-no depressa, vocês sabem que se não o atingirem depressa ele vai regressar, por isso façam-no”, terá dito Fillon em Junho, referindo-se às acusações de financiamento ilegal da campanha presidencial de 2012, num almoço com Jouyet, seu antigo secretário de Estado no Governo.
A primeira reacção de Fillon, que agora é rival de Sarkozy na corrida à liderança da UMP, foi anunciar um processo ao Le Monde e aos jornalistas envolvidos. Mas no dia seguinte, o jornal reforçava o relato, garantindo ter a gravação da entrevista em que Jouyet relatava o pedido de Fillon.
“Se Jouyet disse isso, é mentira”, proclamou Fillon falando agora de um “escândalo nacional”. Para o homem que liderou o Governo entre 2007 e 2012, “isso significa que na liderança do Estado há pessoas a tentar desestabilizar membros da oposição, a eliminar um possível candidato às presidenciais de 2017, a dividir a oposição e com apenas uma bala a acertar em Nicolas Sarkozy e em François Fillon”.
“Jean-Pierre Jouyet ou está a manipular ou a mentir e em qualquer dos casos devia demitir-se imediatamente”, exigiu esta semana o porta-voz de Sarkozy, Gérald Darmanin. Mas o Eliseu garantiu na quarta-feira que Jouyet continuará como secretário-geral da presidência, argumentando que “o assunto discutido pertence à Direita e não ao Executivo”.
Ainda favorito na corrida interna da UMP, Sarkozy tem visto a euforia do seu regresso desvanecer-se: uma sondagem da LH2, a meio de Outubro, mostra que 66% dos franceses considera o seu regresso “má ideia”. Isto no início da primeira batalha eleitoral, pois para chegar às presidenciais de 2017 o antigo Presidente tem ainda de vencer as primárias da UMP de 2016.
Com um Presidente que continua a bater recordes de impopularidade – François Hollande atingiu os 13% no último mês – e que diz não se recandidatar caso não consiga baixar o desemprego até 2017, quem esfrega as mãos é Marine Le Pen: “São todos iguais, trabalham todos juntos. Estes homens é que fizeram da política o que ela é hoje”, disse a líder da extrema-direita ao comentar o caso Fillon.