Nunes, Santos e Pires aperfeiçoaram o seu localizador para uma função muito específica e sobretudo actual: registar sinais vitais básicos de pessoas em idades mais frágeis e enviá-los para os cuidadores e para os sistemas de saúde sempre que haja situações de alarme.
Ao projecto chamaram T-Box 2.0 e ganharam prémios em duas edições da Mostra Nacional de Ciência (MNC), além de um assinalável 2.º lugar num concurso da Associação Americana de Propriedade Intelectual, quando apresentaram o trabalho em Los Angeles, nos EUA. O funcionamento é simples. Trata-se de um dispositivo que vai registando informações como as frequências cardíaca e respiratória do utilizador, pressão arterial, temperatura e que está até dotado da capacidade de fazer um electrocardiograma.
A forma final desse dispositivo deverá ser uma pulseira, uma espécie de meio termo entre dois locais de medição privilegiados: “Na testa consegue saber-se tudo. E no dedo consegue medir-se de forma mais simples, por ter mais concentração sanguínea”, explica Ricardo Nunes. A ideia de uma pulseira é mais prática para o portador do dispositivo.
A novidade é que esta tecnologia não se limita a um registo passivo de sinais vitais. Ao menor sinal de alarme, consegue enviar para um telemóvel, através de uma aplicação, os dados do problema de saúde em questão. Essa mensagem é então reenviada automaticamente para um cuidador da pessoa e para o INEM, por exemplo, com a localização do utilizador.
A ideia, está mais que visto, é suculenta para o mundo empresarial. Em Portugal, pelo menos três empresas manifestaram-se interessadas no projecto. Mas para Ricardo Nunes, nesta fase, o rumo mais simples para o localizador é o melhor: “Decidimos trabalhar com uma loja médica, em Aveiro”. A ideia de aplicar esta tecnologia a pessoas em risco foi uma dica do júri de uma das edições da MNC em que os jovens de Oliveira do Bairro participaram. Outra sugestão foi o de aplicarem o dispositivo numa pulseira. Perante a hipótese de o utilizador não ter telemóvel – o público-alvo são idosos e crianças, por exemplo – o dispositivo terá de ser capaz de enviar a mensagem, sozinho, sem a mediação de um telefone celular.
Em fase de protótipo, a T-Box vai ainda passar por alguns aperfeiçoamentos. O dinheiro dos prémios já recebidos tem ajudado a dar uns pequenos empurrões ao projecto. “Estamos a participar no programa Horizonte 2020 [programa quadro comunitário de financiamento a projectos tecnológicos definido para o período de 2014 a 2020] para levar o projecto para a frente. Já fizemos a candidatura, o resultado sai este mês”. O jovem estudante sabe que o caminho faz-se caminhando…