O estudo, conduzido pelo Banco Mundial, em parceria com o Instituto Superior de Estatística da Libéria, o Sistema de Informação Geográfica e a organização norte-americana Gallup, através de um inquérito telefónico realizado ente os meses de Outubro e Novembro, refere que a doença tem um impacto sobre a economia de todos os municípios da Libérias: os afectados ou não pelo ébola.
"Mesmo aqueles que vivem na mais remotas comunidades da Libéria, onde o ébola não foi detectado, estão a sofrer os efeitos colaterais económicos desta terrível doença", disse a directora da Prática Global Contra a Pobreza do Grupo Banco Mundial, Ana Revenga, citada numa nota hoje divulgada por aquela instituição financeira mundial.
"Os esforços de socorro não devem incidir só sobre aqueles directamente afectados pelo vírus, mas também naquelas comunidades mais pobres, sobre quem o acesso ao mercado, a mobilidade e segurança alimentar continuam a piorar", acrescentou Ana Revenga.
As pessoas que desenvolvem actividades de auto-emprego podem ter sido os mais afectados, em parte, devido ao encerramento do comércio informal para o qual trabalham, sendo que os assalariados neste sector também perderam emprego, assinala o estudo.
No entanto, apesar de uma ligeira quebra dos resultados económicos, "o sector agrícola está mostrar-se resiliente" ao impacto do ébola, adianta o estudo, assinalando que, actualmente, 36% dos trabalhadores por conta própria na área e cerca de metade dos implicados em trabalho assalariado da agricultura continuam a operar nesta área desde o aparecimento da epidemia, no princípio deste ano.
"Os problemas actuais, especialmente os relacionados aos preços dos alimentos e segurança alimentar, só agravaram. A Libéria registou uma grande queda nos preços do arroz importados (quase 40% acima da média para Outubro), contudo, mais de 70% dos inquiridos consideraram que, independentemente deste novos preços, muitas famílias não têm dinheiro suficiente para se alimentar", sublinha a nota.
Os resultados do inquérito indicam também que mais de 90% dos entrevistados mostraram-se preocupados com o facto de os agregados familiares não terem o suficiente para comer e que, com a chegada da colheita e apesar de a tendência de queda, "os liberianos continuam alarmados".
A economista do Grupo do Banco Mundial e autora do estudo, Kristen Himelein, considerou que os dados permitem a instituição financeira e as autoridades liberianas manterem o contacto com os atingidos quer directa ou indirectamente pelo ébola e ajudam a definir uma estratégia de intervenção para se ter uma intervenção mais nítida visando salvar este grupo.
De acordo com o comunicado, o Grupo Banco Mundial já mobilizou 797 milhões de euros para dar resposta de emergência aos países duramente atingidos pela crise do ébola.
O Banco Mundial estima que, até 2015, o impacto financeiro do ébola na Guiné Conacri, Libéria e Serra Leoa seja de 26 mil milhões de euros.
A epidemia de ébola na África Ocidental já contagiou mais de 14.000 pessoas tendo provocado a morte a mais de 5.000.
Lusa/SOL