Adão recuperado
Uma escultura de um Adão nu, datada de 1490, da autoria do italiano Tulio Lombardo, caiu no Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque, onde se encontrava. O pedestal cedeu, fazendo com que a peça que pesava cerca de 350 quilos se desfizesse em 28 pedaços grandes e centenas doutros mais pequenos. O desastre aconteceu em 2002 e foi descrito por Luke Syson, um dos curadores do museu como “uma das piores coisas que podia acontecer”. O restauro foi dado como uma causa perdida, mas passados 12 anos, o Adão de Lombardi voltou a estar em exibição. Está intacto e só não está perfeito porque não se quis “apagar o que tinha acontecido”. Faz parte da história desta obra ter ficado estilhaçada e os conservadores não quiseram que esse momento ficasse esquecido. Por isso atrás dos joelhos, nas pernas, a estátuas tem imperfeições, cicatrizes de um acidente terrível. A equipa de conservadores trabalhou sem pressões nem compromissos. E fez um milagre.
Hamm contra Hamm
O magnata do Oklahoma, Harold Hamm, foi instruído pelo tribunal a pagar um bilião de dólares à ex-mulher no acordo de divórcio. Sue Ann Hamm fez saber que não concorda com a decisão porque um bilião é pouco. Uma leitura mais atenta das notícias sobre o casal revela que as acções da empresa petrolífera Continental Resources passaram dos pouco mais de 50 milhões que valiam à data do casamento para perto de 20 biliões 26 anos depois (antes do divórcio). Cerca de seis por cento da fortuna é um valor considerado irrisório por vários advogados do país, que criticam a decisão do juiz Howard Haralson. As contas do juiz são pelo seu lado elogiosas para Sue Ann. Segundo argumentou, o 'capital conjugal', ou seja, o dinheiro ganho activamente por Harold durante o casamento, foi de 1,4 biliões de dólares. O resto é riqueza passiva e como tal propriedade exclusiva de quem pouco fez para a ganhar. Sue Ann fica com quase tudo. Mas se calhar é mesmo pouco.
A psicopata
A História não nos deu mulheres que matam como homens. Há poucas assassinas em série e poucas psicopatas. Várias foram descritas como perversas mas quantas terão tido o proveito? Em Parte Incerta, de David Fincher, explora a probabilidade de haver mulheres tão manipuladoras e narcísicas quanto homens e tão pouco inclinadas para sentir culpa. Amy Dunne, a convincente Rosamund Pike, descobre que o seu casamento com Nick, o excelente Ben Affleck, não é o que imaginava. Nick é afinal um homem desinteressante e previsível, que até arranjou uma amante com metade da idade dele. A descoberta leva Amy a pensar num plano para se livrar dele. Do plano fazem parte mentiras, incriminações e até simulações de violação, que mereceram censura por parte de movimentos feministas. Penso que não têm razão. Amy Dunne é diferente da maioria das heroínas no cinema e deste modo contribui para a ideia correcta de que as mulheres não são todas iguais.
Até de meias
O Dr. Matt Taylor foi o astrofísico responsável por informar o público em que ponto estava a extraordinária experiência com a Philae, uma maquineta que viajou milhares de quilómetros para nos relatar tudo o que se passa a partir do cometa onde aterrou. O cientista espacial de que falo é o oposto dos geeks a que a nossa imaginação nos habituou. Sim, é certo que usa óculos, mas é profusamente tatuado e para a ocasião usou uma camisa havaiana estampada com imagens de mulheres de biquíni. O homem até tem pinta, mas o mundo idiota decidiu acabar mediaticamente com ele por causa da ousadia. Matt não teve outro remédio a não ser pedir desculpa. Eu é que peço desculpa por ter de respirar na mesma atmosfera que estas pessoas que pensam que o hábito faz o monge ou que a gravata os torna inteligentes. Como aliás escreveu Boris Johnson no Telegraph, tem de haver lugar para a excentricidade neste mundo. O que não há é paciência para tanta estupidez.