Preço do leite vai baixar. A culpa é dos russos

O excesso de oferta forçou uma descida de 15% no preço do leite e os industriais de lacticínios temem impactos ainda mais negativos devido ao embargo russo e à estagnação do consumo de produtos lácteos.

"2015 será o ano de todas as incógnitas", declarou o director-geral da Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios, Paulo Costa Leite.

Numa resposta escrita enviada à Agência Lusa, o responsável destacou "alguns factos relevantes" que ocorreram no segundo semestre deste ano e que "não deixarão de afectar profundamente o sector a nível comunitário e mesmo mundial", entre os quais o embargo da Federação Russa aos produtos lácteos, o arrefecimento da procura por parte do mercado chinês e o excesso de oferta por parte dos países maiores produtores de leite (Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia).

Além disso, "o consumo interno de produtos lácteos está estagnado e nalguns segmentos mesmo a decrescer", sublinhou, acrescentando que a indústria não conseguiu reflectir "o impacto destas oscilações da matéria-prima nas suas condições de venda à distribuição".

Paulo Costa Leite admite que "a pressão da oferta interna, num espaço em que o preço do leite varia cerca de 50% entre Estados-membros, condicionará a evolução dos preços em 2015" e considera que "será dramático (…) se estes condicionalismos vierem a resultar num nivelamento por baixo".

Em causa está toda a indústria, mas sobretudo a produtora de queijo, que ainda não conseguiu recuperar as margens que perdeu nos últimos anos. 

O preço do leite, que tinha subido mais de 20% durante o segundo semestre de 2013 comparado com o período homólogo de 2012, devido ao défice de oferta, manteve a tendência de alta até ao final da campanha 2013/2014 (Março), sofrendo um ajustamento a partir dessa altura.

Com os "indícios de excesso de oferta no espaço comunitário, o preço do leite sofreu um ajustamento em meados de 2014 (decréscimo de cerca de 15% relativamente a Dezembro de 2013), tendo-se mantido inalterado até este final de ano", adiantou o director-geral da ANIL.

Lusa/SOL