Em comum nos dois processos estão acusações de atentado à dignidade e bom nome dos intervenientes. E contradições nos depoimentos da auxiliar de acção médica durante os dias em que esteve a doença que contraiu ao tratar os missionários que chegaram de África contagiados com ébola.
A 8 de Outubro, quando estava internada há dois dias, Teresa Romero foi questionada sobre o facto de se ter dirigido a um centro de saúde com febres altas e não ter sido logo internada: "É verdade mas eu também não disse à doutora que tinha estado em contacto com o ébola. A minha médica não tem a culpa que eu não lhe tenha dito que tinha estado em contacto com o ébola", respondeu então a auxiliar.
Declarações recordadas pelo conselheiro da Saúde de Madrid, Javier Rodriguez, quando acusou Romero de "irresponsabilidade" face ao perigo de contagio da doença. Rodriguez sublinhou que a auxiliar "ocultou" a informação de ter estado envolvida nos tratamentos a Manuel Garcia Viejo, um dos dois missionários espanhóis que já morreram devido ao surto de ébola, e admitiu a hipótese de Romero ter "mentido em relação as suas febres".
Ainda internada no hospital, Romero viria a desmentir a primeira versão, garantindo que logo na primeira consulta referiu o contacto profissional com a doença e que apesar disso apenas lhe receitaram paracetamol e ordenaram o seu regresso a casa.
Depois de receber alta, a 10 de Novembro, a auxiliar de acção médica voltou a falar, anunciando um processo contra a máxima figura das autoridades de saúde da capital, devido aos ataques à sua "honra" e "acusações falsas" sobre o perigo de contágio que representou por alegadamente não ter dado a informação.
Agora é a vez da médica de clínica geral, que assistiu Romero no centro de Alcorcón, anunciar um processo contra a sua paciente. Sem dar a cara nem o nome, a médica fê-lo através da sua advogada. Garantindo que "de modo algum" foi informada por Romero sobre o contacto prévio com o vírus, como diz "constar" na ficha do doente, a médica acusa Romero de "calúnias e injúrias". O Governo da comunidade autónoma de Madrid já considerou "lógico" o processo iniciado pela médica.