Portugal foi o mercado onde o gasóleo mais desceu este ano

O Natal chegou mais cedo para quem anda de carro. A queda da cotação do petróleo intensificou-se de tal forma nas últimas semanas que os preços dos combustíveis atingiram o nível mais baixo dos últimos quatro anos, com tendência para descerem ainda mais. Os países produtores de petróleo estão em pânico, mas a Europa respira…

Foi em meados de Junho que algo no mundo mudou. O preço do petróleo começou a cair de forma abrupta depois de atingir um pico de 115 dólares por barril, no caso do brent – o tipo de petróleo usado como referência na Europa.

Esta semana, tem estado em torno de 70 dólares – uma descida de quase 40% em seis meses.

As explicações mais comuns são duas. Por um lado, há menos procura por parte de grandes potências como a Alemanha, o Japão ou a China, que estão em abrandamento. Com menos actividade económica, há menos procura por petróleo. Por outro, os grandes investimentos que os Estados Unidos fizeram no gás de xisto diminuiu a dependência do petróleo. Com estes dois factores conjugados, o preço do petróleo tem vindo a cair. Em termos globais, está a haver uma transferência maciça de riqueza dos produtores para os importadores, beneficiando países como Portugal.

Menos 10 euros para atestar

Numa economia aberta e deficitária em produtos petrolíferos, a descida do petróleo é o equivalente a uma redução generalizada de impostos para empresas e famílias. “Se a descida de preços continuar, trata-se de um contra-choque do petróleo, o que ajuda economias importadoras de petróleo como a nossa. Tal como perdemos nos choques, ganhamos nos contra-choques”, explica ao SOL o economista João César das Neves.

Os combustíveis têm também descido. Em termos médios mensais, os preços recuaram 11% na gasolina e 8% no gasóleo. E, ao contrário do que muitas vezes é a opinião generalizada, a queda de preços foi mais acentuada do que na maioria dos países europeus, segundo dados da Direcção-Geral de Energia da Comissão Europeia.
No gasóleo, com dados até Novembro, não há qualquer país em que os preços tenham descido mais do que em Portugal. Na Gasolina, apenas a Bulgária e a Bélgica tiveram reduções mais acentuadas.

Para o secretário-geral da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (APETRO) e antigo presidente da BP em Portugal, António Comprido, esta redução mais acentuada deve-se ao “esmagamento das margens de comercialização” por parte das gasolineiras. E só não está a ser maior porque a componente dos impostos tem sido agravada.

Para a carteira das famílias que utilizam o carro com mais frequência, o impacto pode ser equivalente ao que haveria com a redução da sobretaxa de IRS que chegou a ser ponderada para 2015. Para atestar com gasóleo um depósito de 50 litros, um condutor gasta hoje menos dez euros do que no início do ano.

joao.madeira@sol.pt