M. Rajoy: só relativamente aberto

Mariano Rajoy, o primeiro-ministro conservador espanhol, afirmou há dias estar “aberto a todas as propostas”, para logo concluir muito contrariado: “mas até agora não ouvi nenhuma que não a dos que pedem o direito de autodeterminação, e a ruptura da soberania”.

Obviamente Rajoy referia-se ao caso catalão, que tem crescido como reacção à sua posição fechada. E, também obviamente, ele afinal não está aberto a todas as propostas; desde logo, não o está em relação à única que diz ouvir.

Claro que o perigo é Rajoy voltar a mergulhar a Espanha no terrorismo dos nacionalismos, e agora já não apenas do Pais Basco, mas também na Catalunha – opção que um sector conservador, com ele pelos vistos à cabeça, sempre gostou, como a alternativa mais fácil à desagregação de um Estado espanhol demasiado centralizado em Madrid e Castela.

Felizmente para os espanhóis, e também para os catalães, ele começou finalmente a deitar abaixo o PP nas sondagens, e torna-se provável uma alternativa mais sensível aos anseios do nacionalismo catalão, talvez até ainda a tempo de evitar a independência que Rajoy não consegue – ou não quer evitar.