"O Velho do Restelo" é descrito pelo actor Ricardo Trêpa como a visão de Manoel de Oliveira dos "tempos que correm – que não são famosos -, através de escritos antigos e feitos de grandes figuras da cultura portuguesa e não só".
Da parte da produtora O Som e a Fúria, Luís Urbano, que mobilizou os recursos para a rodagem da obra, afirmou que a recepção ao filme no circuito de festivais foi "entusiástica" e que tem havido conversas sobre futuros projectos, dependentes "da disponibilidade física e de saúde" de Manoel de Oliveira, admitindo que, com o realizador, "tudo é possível".
Ricardo Trêpa, neto de Manoel de Oliveira, realçou o ânimo do realizador, sublinhando que "a saúde, para ele, não é uma barreira". "Até partir, assim será o raciocínio dele. Sempre foi um lutador. Não é agora que vai desistir de uma máxima de vida que é 'eu quero e hei de conseguir'. Vai até ao fim acreditar que vai fazer mais filmes".
A curta-metragem é descrita pela produtora como "um mergulho livre e sem esperança na História", reunindo, num banco do século XXI, "Dom Quixote, o poeta Luís Vaz de Camões e os escritores Teixeira de Pascoaes e Camilo Castelo Branco", a partir, precisamente, de um texto de Pascoaes.
O filme baseia-se em partes do livro "O Penitente", de Teixeira de Pascoaes, tem argumento do cineasta e teve estreia internacional no Festival de Veneza, onde foi exibido fora de competição, em Setembro.
Numa entrevista publicada em Novembro pela revista norte-americana Variety, Manoel de Oliveira, distinguido na terça-feira com a Legião de Honra francesa, disse que "O Velho do Restelo" é uma "reflexão acerca da humanidade".
A estreia do filme em território nacional concretiza-se hoje, no Cinema Ideal, em Lisboa, e no âmbito do festival Porto/Post/Doc, no Porto.
"O Velho do Restelo" vai ser exibido com três outras curtas-metragens de Oliveira: "Os Painéis de São Vicente", de 2010, "um dos filmes mais interessantes" que Manoel de Oliveira "fez nesta fase da carreira", segundo o produtor, o documentário de estreia "Douro, Faina Fluvial", de 1931, e "O Pintor e a Cidade", de 1956, que contrapõe a visão do Porto, do realizador, com a do pintor António Cruz.
Lusa/SOL