Meias: nem todos gostam, mas todos as usam

Na hora de fazer as compras, são muitos os que as consideram um presente perfeito: ajudam a suportar melhor o frio que caracteriza esta época do ano; não é preciso saber o número exacto da pessoa que as calçará; e até podem servir para esconder um envelope com um cheque ou dinheiro vivo… Falamos de…

António Santos, o 'Rei das Meias' (proprietário desde 1981 da loja especializada em peúgas), não tem esses complexos. “Qual é o problema de oferecer umas meias ou uns collants se a pessoa precisa? Nós devemos oferecer aquilo que a pessoa usa. Temos clientes que gostam de oferecer meias com ligas, collants opacos da marca tal, collants de fantasia… Se eu gosto de peúgas porque é que me vão oferecer uma caneta?”, interroga o comerciante. E acrescenta: “É que se não oferecer meias, depois a pessoa vai ter que ir comprá-las! Porque ninguém vai para a rua sem meias…”.

No Rei das Meias, alternativas não faltam. Para homem, senhora e crianças. Soquetes, mini-meia, peúgas de cano alto, collants de malha, algodão, lycra…. A lista continua. Centenas de cores, dezenas de tamanhos, milhares de caixas – a loja tem “mais de 400 referências de meias diferentes”, diz o proprietário. “Costuma-se dizer que se o Rei das Meias não tem, mais ninguém tem!”.

Tudo começou em 1929, quando o Rei das Meias abriu as portas no Largo Rafael Bordallo Pinheiro, em Lisboa, onde ainda hoje se mantém o negócio. Em 1981 António Santos tomou as rédeas da loja. Desde então ocupou o trono de um império muito especial. “Tenho a particularidade de fazer aquilo que gosto. Temos um atendimento personalizado, sabemos o que estamos a vender, temos toda a simpatia para atender os clientes, e temos a noção que saem daqui satisfeitos, e voltam. A nossa obrigação é essa, que saiam satisfeitos e que não se esqueçam de nós. Como costumo dizer: estamos cá enquanto os clientes quiserem”. E o Rei das Meias tem uma clientela fiel, que assegura a continuidade da loja há já 85 anos.

O que podemos encontrar aqui? Para alguns, serão apenas simples meias, mas António não vê as coisas assim. E destaca um produto que afirma não se encontrar em mais lado nenhum. “Temos uma meia de algodão que é recomendada por dermatologistas para pessoas que têm alergias, pele sensível ou qualquer outro problema. E somos os únicos no país a vendê-la”. Mas há mais. O principal trunfo é a variedade. “Só numa prateleira tenho 48 caixas e cada caixa tem uma referência de meias, depois temos os collants de fantasia – só expostos devemos ter uns 80”. E para homem? “Tenho aqui referências de meias de xadrez em mais de 20 e tal cores! Mas também tenho muitas meias clássicas – em azul escuro e preto. Tudo em todos os tamanhos, do mais pequeno ao XXL, aí para um pé 48/49!”. Do bebé ao gigante, aqui o Pai Natal vai encontrar o par certo para cada um.

Antes de nos despedirmos, o 'Rei' deixa um recado: “A quem receber meias este ano, digo que as devem sempre receber com um sorriso nos lábios porque é dado, naturalmente, de boa vontade. E se forem de boa qualidade ainda melhor, porque hoje há meias tão caras como outra prenda qualquer”.

patricia.cintra@sol.pt