Em 2014, foram assassinados 66 jornalistas, contra 71 no ano passado, mas o número de sequestrados aumentou de 87 para 119 casos. E, de acordo com o documento da RSF, há ainda 40 profissionais dos 'media' que permanecem reféns em todo o mundo.
Segundo a organização, "os assassínios praticam-se com maior barbárie e os sequestros aumentam consideravelmente com o objectivo, por parte de quem os comete, de impedir que existe uma informação independente e de dissuadir os olhares indiscretos".
"Poucas vezes o assassínio de jornalistas com fins de propaganda foi perpetrado com tanta barbárie", sublinha a RSF no mesmo documento, elaborado anualmente desde 1995.
Dois terços dos assassínios foram registados em zonas de conflito: na Síria — país que, à semelhança do ano passado, figura como o mais perigoso para os jornalistas, com 15 mortes — nos territórios palestinianos, sobretudo em Gaza (sete mortes), no leste da Ucrânia (seis), no Iraque e na Líbia (ambos com quatro).
A RSF sinaliza menos assassínios de jornalistas em países "em paz" como a Índia e as Filipinas, mas constata, por outro lado, que as mortes de mulheres duplicaram para seis em 2014.
Já o número de sequestros, ao contrário dos assassínios, disparou 37%, de acordo com a organização defensora da liberdade de imprensa, com sede em Paris.
"Os sequestros foram particularmente numerosos na zona do Médio Oriente e no norte de África. Este ano foram sequestrados 29 jornalistas na Líbia e 37 na Síria. No Iraque o número ascendeu a 20. Esta tendência explica-se sobretudo com a ofensiva do grupo extremista Estado Islâmico (EI) na região", refere a RSF.
O número de jornalistas detidos em todo o mundo manteve-se em 178, com a China a encabeçar a lista (17% do total), em que também constam o Egipto, Eritreia, Irão, Síria, Vietname e Arábia Saudita.
O relatório da RSF indica ainda que, em 2014, houve 139 jornalistas que tiveram que exilar-se, ou seja, o dobro face ao ano passado.
Esse 'ranking' é novamente liderado por países como a Líbia (43), Síria (37), Etiópia (31) e Azerbaijão (6).
O número de detenções de jornalistas sofreu um aumento de 3%, atingindo 853 casos.
"Evidentemente, os interrogatórios e detenções são ataques à liberdade de expressão cuja gravidade não pode comparar-se à dos assassínios ou sequestros prolongados. Contudo, constituem obstáculos para o seu trabalho e, por vezes, intimidações violentas", anota a RSF.
A Repórteres Sem Fronteiras constata ainda uma redução em 15% das ameaças ou agressões a jornalistas para um total de 1.846 ataques, com países como a Venezuela, Turquia, Ucrânia e China a figurarem entre os menos seguros para os profissionais dos meios de comunicação social.
Lusa/SOL