Vivek Murthy, filho de indianos e a viver nos Estados Unidos desde os três anos, é considerado um prodígio na medicina. Formou-se em Medicina em Harvard, acrescentando depois um MBA da Universidade de Yale, e trabalha actualmente no hospital Brigham and Women's desde 2006. Desde 1995, ainda antes de completar 18 anos, fundou e esteve envolvido em organizações não governamentais e grupos de apoio relacionados com a sida, promoção da saúde pública e ensaios clínicos.
No entanto, o seu nome foi rapidamente ‘vetado’ por vários quadrantes da sociedade americana, principalmente ligados ao Partido Republicado. Não tanto por ser de origem indiana ou ter apenas 37 anos, mas mais por ser um apoiante de Barack Obama desde há muito e por ser abertamente contra o acesso facilitado a armas de fogo por parte de civis.
Murthy fundou em 2008 a organização ‘Médicos a favor de Obama’, que depois se passou a chamar ‘Médicos a favor da América’, sendo um dos grupos de apoio ao polémico programa de saúde pública, o Health Care Program, promovido já pelo Presidente Obama. E em 2012 usou o Twitter para criticar os apoiantes do uso de armas, tornando-se imediatamente um alvo para a poderosa National Rifle Association. Foi esta organização que mais combateu a sua nomeação.
O Senado, ainda controlado pelos Democratas, que perdem a liderança daquela câmara em Janeiro, aprovou ontem Vivek Murthy, com 51 votos a favor e 43 contra. Murthy teve muitos críticos e adversários, mas também um forte apoio da classe. Mais de 100 organizações de saúde norte-americanas, incluindo todas as principais associações médicas do país, apoiaram a sua nomeação.
O médico já afirmou que vai centrar a sua actuação na prevenção de doenças crónicas, no combate ao consumo de tabaco e na preparação de programas de nutrição relacionados com a obesidade. O cargo de surgeon general não está directamente ligado à administração americana, mas os titulares do mesmo usam o apoio da Presidência para promover iniciativas.
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