Passos, a TAP e as ameaças

Passos Coelho ameaçou um despedimento colectivo na TAP, se não houvesse privatização, mas não garantiu que o despedimento não se daria, com a privatização. Este tipo de ameaças revelam sobretudo carácteres. E os carácteres são importantes nos primeiros-ministros e líderes partidários.

Pensaria isto, mesmo que alinhasse na reacção negativa às decisões sindicais (que devem ser corporativas, profissionais, e nesse sentido naturalmente egoístas) – mas não alinho. Acho que nesta fase de liberalismo, em que os empresários podem tudo, fazem falta reacções sindicais fortes, mesmo que meramente sectoriais. Mas se fossem mais gerais, continuaria a considerá-las legítimas numa democracia, em que a Sociedade Civil activa, à margem dos órgãos políticos, e procurando pressioná-los (como defendiam Sá Carneiro e Lucas Pires, por exemplo, nos seus tempos), são sempre salutares.

Vou só repetir uma coisa que já disse a este propósito: greves que não prejudiquem, não têm efeito, nem servem para nada. Esta parece ter efeito, e servir para alguma coisa.