A Produções Fictícias – a conhecida empresa de guionistas encabeçada por Nuno Artur Silva, e que assegurou a escrita do célebre Contra Informação para a RTP, durante mais de 10 anos, bem como vários programas de Herman José e os Contemporâneos – não teve “em todo o ano de um 2014 um único projecto aprovado para a RTP”, quando nos últimos anos havia uma “colaboração continuada” – diz ao SOL Gonçalo Félix da Costa, director executivo da Produções Fictícias. “Esta administração privilegia toda a programação concorrencial com os canais privados”, defende. “É normal que um privado procure o lucro, mas um canal público tem também a responsabilidade de apoiar a diversidade”, analisa. Não havendo essa diversidade, salienta o director daquela produtora, “a RTP fica igual aos outros canais e coloca-se a questão da sua relevância”.
A lei, diz Susana Gato, estabelece uma quota de 10% de produção independente: “Se estiver a ser cumprida pela RTP deve ser no mínimo. O apoio à actividade das produtoras independentes – que faz parte do serviço público – perdeu-se”.
Para sobreviver, as pequenas produtoras procuram novas soluções. A Produções Fictícias está a fazer “investigação e desenvolvimento”, ou seja, a produzir guiões, montar projectos e apresentar propostas a outros canais.
A Mínima Ideia, especializada em documentário, voltou-se, segundo o seu responsável, Paulo Galvão, para o mercado angolano e para a música, tendo produzido para a Universal um documentário sobre os 20 anos de Viagens, de Pedro Abrunhosa.
Já a recém-chegada ao mercado Frame Productions – que acaba de produzir a curta-metragem Deus Providenciará, com Isabel Abreu – virou-se para a internet. Segundo Laura Milheiro, responsável desta produtora, “a aposta é seguir um bocadinho o caminho da Netflix: produzir para o online e com o patrocínio das marcas”. Até porque “a população da TV é muito envelhecida: os jovens já só usam como suporte o computador”.