O horror da UE à democracia

Os partidos dominantes da UE não aprenderam nada com a crise, e com o seu crescente isolamento, e continuam apenas, horrorizados com a democracia, a tentar evitar que ela os varra do mapa, sem sequer se esforçarem por mudar um nadinha.

Se o PODEMOS aparece à frente em Espanha, e o Syriza na Grécia, é porque as populações estão fartas dos partidos dominantes, que se alternam alegremente no Poder sem alternativas politicas verdadeiras. Karl Popper, tão do agrado desta gente, disse que a democracia parlamentar serve não tanto para eleger um Governo que nos entusiasme, mas mais para afastar pacificamente e por meio de eleições os de que não gostamos.

O horror dos partidos dominantes à democracia faz com que as pessoas queiram cada vez mais correr com eles, elegendo outros quaisquer, que possam finalmente garantir alternativas de escolha.

Mas estes partidos continuam a barricar-se em manobras anti-democráticas. Apesar de ser claro que os gregos estão fartos da coligação governamental, Bruxelas não tem a menor vergonha de dizer preferir que o próximo Presidente da Grécia saia dessa odiada maioria governamental, numa manobra parlamentar, evitando que o povo se pronuncie em eleições.

O resultado da primeira tentativa, ontem, não foi para eles animador: queriam mais de 160 votos (os que eram dados por garantidos), e não os tiveram. Ainda vão fazer mais 2 tentativas: dias 23 e 29 (nesta data bastarão 180 votos para o conseguirem, e ficarem ainda mais divorciados da população, e muito acarinhados pelos novos Barrosos de Bruxelas).

Não é que a democracia parlamentar, por si, precisasse de entrar imediatamente num impasse. É que os seus anteriores maiores defensores, tendo-se transformado apenas em beneficiários, na sua ganância cega, tudo fazem para a afundar – mesmo que involuntariamente.