“Lá porque um filme tem um peixe-palhaço queridinho, uma princesa ou um lindo veado-bebé não quer dizer que não tenha também um assassínio”, diz Ian Coleman, professor de epidemiologia da Universidade de Otava, no Canadá, que coordena o estudo. Os investigadores analisaram 45 filmes de animação dirigidos às crianças, tendo como critério de escolha os líderes de audiências, nos cinemas ou em casa. A conclusão é assustadora: desde Branca de Neve e os Sete Anões, de 1937, a Frozen, O Reino do Gelo, de 2013, há sempre pelo menos um morto.
Os bonecos têm uma probabilidade de acabarem mal que excede em 2,8 vezes a mesma hipótese trágica em filmes para adultos, mesmo que estes últimos sejam de terror. Na maior parte dos casos, alguém que é próximo do protagonista – muitas vezes a mãe – é o sacrificado, por ataque de animais ou por quedas de locais altos. E há que contar com a morte do vilão, pois claro, normalmente também violenta. A morte do progenitor e a saga dos órfãos é um tema recorrente nos enredos.
A maior densidade do drama está assim garantida, prossegue Coleman, e, ao mesmo tempo, a intriga concentra-se melhor nos assuntos infantis, sem pais por perto. Mas, questiona-se o investigador, “será que matá-los é mesmo necessário, ou será possível encontrarmos outras formas de afastar os pais dos filmes?”. O debate não terá acabado por aqui…