Ora, não somente a formação superior constitui uma abertura a melhores oportunidades de emprego e a salários mais elevados, como o ensino superior joga um papel essencial na sociedade ao nível do desenvolvimento do conhecimento, da tecnologia e da investigação, e ao nível da criação de capacidades para a resolução de problemas e para a inovação. Nesta medida, é importante debater sobre o número ainda reduzido de licenciados em Portugal pelos dois subsistemas: universitário e politécnico, número que se pretende aumentar no quadro da estratégia ‘Europa 2020’, sendo necessário que os poderes públicos se empenhem nos incentivos e apoios de diversa ordem ao ingresso no ensino superior. Contudo, a discussão não deve ficar aí contida, pois também nos compete lembrar as vantagens de alargar a formação avançada ao nível dos cursos de mestrado e doutorais. Esta será, porventura, uma das consequências importantes a retirar e avaliar relativamente ao processo de Bolonha, já que a formação superior inicial de três anos, em média, de um diplomado com o 1º ciclo de estudos (licenciatura), deveria tendencialmente ser entendida como precedendo um percurso de especialização ao nível da realização de um mestrado (2º ciclo).
Deste ponto de vista, é importante entusiasmar os jovens licenciados a especializarem-se prosseguindo os seus estudos ao nível do mestrado, no sentido de desenvolverem as suas competências científicas e tecnológicas. Já no que respeita à formação doutoral, pode assinalar-se que, em Portugal, é ainda entendida como requerida quase exclusivamente para funções de investigador e docência no ensino superior, quando em países europeus, como a Holanda e a Bélgica, é já tida como relevante no sector empresarial.
É desejável, assim, que a discussão sobre o número de licenciados no país seja alargada ao debate sobre o benefício do aumento da especialização e das competências nas diferentes áreas das ciências, das artes e das tecnologias.
* Reitora da Universidade Lusófona do Porto