Sapatadas casamenteiras
Esqueçam buquês sofisticados atirados pelas recém-casadas às solteiras numa cerimónia de casamento. Na República Checa é no Natal que as mulheres sabem se irão ou não casar-se em breve. O método até é semelhante às grinaldas das cerimónias nupciais, mas é muito mais barato e aparentemente não exige, sequer testemunhas. Basta que a pretendente se posicione de costas para a porta de casa e atire um sapato por cima dos ombros. Se cair de salto virado para a porta, ela continuará solteira; se for a biqueira a apontar para a entrada da casa, ela pode contar com a boda.
Frango frito de consoada
O Japão não é conhecido por professar a fé cristã, mas o xintoísmo. De qualquer modo, rezam as crónicas, 1% da população (num universo de 130 milhões de habitantes, o número não é despiciendo) gosta de acreditar que o menino Jesus nasceu por esta altura e que foi presenteado por três Reis Magos. Mas celebram-no de uma forma insólita: de há 40 anos a esta parte, graças a uma operação de marketing tão inaudita quanto eficaz, manda a tradição que o espírito natalício se celebre às trincas a um Kentucky Fried Chicken. Isso mesmo: frango frito num pão de hambúrguer na Consoada, sem dúvida a forma mais rápida e concentrada de acumular as calorias da quadra.
O meu Natal por um cavalo
Ninguém sabe quem se lembrou de tal coisa, mas no País de Gales, mais célebre pelos versos de Dylan Thomas e pelo consumo voraz de bebidas alcoólicas, há uma tradição natalícia mais carnavalesca do que noutros pontos geográficos. É o cortejo de Mari Lwyd, que consiste num passeio em que os transeuntes seguem, ou cruzam-se, com uma figura tapada com um lençol branco com a caveira de um cavalo no lugar da cabeça.
Loksa ao tecto
Que os preparativos para a Consoada são uma canseira não é nenhuma novidade. Mas, em certas regiões da Eslováquia e da Ucrânia, o conceito de limpeza pós-Natal chega às alturas: segundo a tradição, o membro mais velho da família deve atirar colheradas de loksa – prato típico de Natal, uma espécie de pão amassado – ao tecto. Quanto mais bocados da iguaria ficarem lá presos, maior a abastança familiar durante o ano que se segue. São de prever grande estalactites em época de crise nestes lares eslavos…
Queima do diabo
Na Guatemala, não é só Judas que passa pelas brasas, noutros rituais. No Natal, ou melhor, a 7 de Dezembro, faz-se uma espécie de preâmbulo para deixar passar melhor o espírito do menino Jesus: reúnem-se todos os objectos velhos que temos em casa, ou as coisas que cremos que são ensombradas por maus olhados ou superstições quejandas, levamo-las para a praça central e queimamo-las. A pira, que chega a ser gigantesca, chama-se, a preceito, a queima do diabo. Depois, há que varrer a casa com uma vassoura de palha e lavar os aposentos com água benta, e estamos preparados para um novo (e melhor) ano.