Ser materialista não é só comprar muitas coisas. O materialismo é uma escala de valores em que se dá uma “elevada prioridade a ganhar muito dinheiro e a ter muitas coisas, assim como se dá muita importância à imagem e a ter popularidade, o que para os materialistas se expressa através da riqueza e das posses”, explica Kasser.
Normalmente os materialistas têm muitas pessoas que não gostam de si, mas ao contrário do que eles possam pensar, não é por inveja. “As pessoas podem ter más experiências com os materialistas. Os nossos estudos mostram que são pessoas competitivas, manipuladoras e egoístas e com pouca capacidade de empatia”, diz o psicólogo.
Mas afinal por que há pessoas materialistas? O especialista aponta dois factores que conduzem ao materialismo. Em primeiro lugar, “pode resultar da exposição a mensagens que transmitem que as posses são importantes, seja transmitido pela família e amigos, sociedade ou media”. Em segundo lugar, “há pessoas que se entregam ao materialismo quando se sentem inseguras ou ameaçadas, seja devido a um sentimento de rejeição ou até pelo medo da própria morte”.
Ser materialista não é o mesmo que ser comprador compulsivo, apesar de as duas condições estarem relacionadas entre si. “Materialismo é mais sobre valores, ambição por dinheiro, coisas materiais e reconhecimento. O consumo compulsivo é quando uma pessoa se sente incapaz de controlar o desejo por compras, normalmente porque tem de preencher um vazio ou combater ansiedade”.
Os estudos sobre o tema concluem que o materialismo está associado a baixos níveis de bem-estar, comportamento mais destrutivo do ponto de vista ecológico, problemas de dívidas e de relacionamento com os outros. Os psicólogos encontraram mesmo pessoas com maiores índices de depressão e ansiedade, assim como sintomas físicos associados como dores de estômago ou cabeça, devido ao consumismo.