A decisão antecipou a entrada em vigor, no próximo dia 1, da nova lei de propriedade intelectual espanhola, segundo a qual é obrigatório o pagamento da taxa ao proprietário do conteúdo 'linkado'. De acordo com nova legislação, os proprietários dos conteúdos não podem renunciar a este pagamento, mesmo que o desejem. É a primeira vez que o Google fecha uma das suas 70 edições do Google News a nível mundial.
Tráfego cai 10 a 15%
Após uma perda entre 10 a 15% de tráfego logo no primeiro dia do fecho, os publishers espanhóis lamentavam a decisão do Google – cujo serviço de notícias possibilita um bilião de cliques mensais para 65 mil empresas de media que estão na plataforma, a nível mundial, segundo fonte oficial da empresa.
Mas, enquanto o serviço news.google.es fechou, a mesma fonte disse ao SOL, a propósito do 'caso espanhol', que a Google vai «continuar a trabalhar com os publishers de forma a reforçar os esforços para aumentarem as suas receitas digitais e número de leitores». Mais especificamente, a empresa refere a existência de uma parceria com vários grupos espanhóis – como a Prisa, Vocento, Grupo Godó, El Economista e a Unidad Editorial – «para desenvolver uma plataforma privada de publicidade, permitindo-lhes gerarem mais receitas a partir dos seus conteúdos». Uma espécie de sinal de que a guerra é afinal com o Governo de Rajoy.
Paradoxalmente, a tentativa de obrigar os agregadores de notícias a pagar aos seus autores ou donos (os títulos jornalísticos) é uma longa aspiração dos meios de comunicação social europeus. A European Publishers Council (EPC), um lóbi de alguns dos principais grupos de media da Europa, como o Axel Springer e o Guardian Media Group – e que foi presidido por Francisco Balsemão, da Impresa, durante 15 anos (até 21 de Novembro) – criticou duramente a Comissão Europeia (CE) no início deste ano.
Em causa estava um acordo entre o Google e a CE no qual, segundo o então presidente do EPC, se perdia a «oportunidade» de a Europa «mostrar que defende os direitos de autor e que valoriza o trabalho dos media profissionais». O argumento dos patrões de media é o de que o Google aproveita o trabalho jornalístico de graça. A resposta do Google, segundo fonte oficial, é a de que, «como o Google News em si não gera receitas ao não exibir publicidade no website, esta nova abordagem (o pagamento de taxas) não é sustentável».
Modelos de negócio
Mas nem todos os modelos de negócio são iguais ao do Google. Tanto o MSN (da Microsoft) como o Sapo, dois dos maiores agregadores de notícias em Portugal, trabalham com parceiros (sites noticiosos) aos quais pagam uma percentagem das receitas ganhas com os conteúdos que vão publicando. E enquanto o Google utiliza um algoritmo (um modelo matemático que funciona por si só) para seleccionar as notícias, o Sapo e o MSN têm equipas a fazê-lo.
Miguel Albuquerque e Castro, director da área de negócios de media da Microsoft em Portugal, refere que no MSN «há uma equipa de sete jornalistas que selecciona e ordena as notícias de acordo com critérios de relevância jornalística».
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