2015: De olhos postos na Europa

Espanhóis, gregos, suecos e britânicos definem regimes. 

2015: De olhos postos na Europa

Eleições

Populismo à prova

Se 2014 foi o ano em que o maior número de pessoas alguma vez foi chamada a votar – e mais de 1,5 mil milhões de eleitores fizeram-no – o ano que bate à porta tem na Europa escrutínios cuja importância ultrapassa as fronteiras de cada um dos Estados intervenientes. Na Grécia, se no dia 29 falhar a terceira tentativa da eleição, no Parlamento, do candidato Stavros Dimas a Presidente, o Governo liderado por Samaras cai. Lidera as sondagens o Syriza, de um Alexis Tsipras com um discurso mais moderado, mas que continua a querer renegociar a dívida e acabar com as políticas de austeridade. É também com discurso semelhante que em Espanha Pablo Iglésias levou o Podemos à liderança das intenções de voto para as eleições de Dezembro. Em caso de vitória, quer Tsipras, quer Iglésias terão de fazer acordos, uma vez que não terão uma maioria para governar a sós. No Reino Unido, as sondagens apontam para uma ligeira vantagem dos trabalhistas de Ed Miliband nas eleições de Maio, mas ninguém se atreve a dizer como será formado o próximo Governo. Até porque, para baralhar as contas, aparecem os nacionalistas do UKIP e os Verdes. E na Suécia, uma vez derrubado o segundo Governo mais curto da história pelos nacionalistas, como irão reagir os eleitores?

Mas o processo democrático não se esgota no Velho Continente. Destaque ainda para as eleições gerais na Argentina e na Nigéria. O mais populoso país de África reedita o duelo de 2011 entre o muçulmano Muhammadu Buhari e o cristão Goodluck Jonathan. Mas quatro anos depois a Nigéria é um país mais perigoso e volátil. Nos estados do Nordeste sofre-se com o terrorismo do Boko Haram. As autoridades admitem que até um milhão de eleitores não possam votar. Já na Argentina, com Cristina Kirchner impedida de concorrer em Outubro a um terceiro mandato consecutivo, três candidatos dividem quase por igual as intenções de voto, mas é em Mauricio Macri, presidente da Câmara de Buenos Aires, que se deposita mais esperança na introdução de reformas.

César Avó

Tecnologia

O virtual vai ser real

As palavras de ordem em 2015 são missões espaciais e “dispositivos inteligentes”. As primeiras trazem novidades ao ritmo acelerado dos últimos anos: a missão New Horizons, da NASA, deve chegar à órbita de Plutão e de uma das suas luas, Caronte, a 14 de Julho. A sonda foi lançada em 2006, deu-nos uma perspectiva única do sistema solar, de onde deve sair pelos anos 2020. Outra missão interessante é da Agência Espacial Europeia (ESA), que este ano conseguiu a proeza de pousar uma sonda num cometa. Desta vez, a ideia é fazer embater um veículo não tripulado num asteróide e estudar esses efeitos. Quem sabe se um dia não os poderemos desviar da nossa órbita assim? A ESA chamou à missão D. Quixote e preparou dois veículos, o Sancho (pois claro…) que vai entrar na órbita do objecto para o estudar e depois analisar o trabalho de um segundo veículo de impacto, o Fidalgo.

No nosso planeta, vão continuar a impor-se os tais dispositivos inteligentes. Pelo menos, na óptica do Economist, que diz que o buzz (o 'alarido') vai “deslocar-se dos media sociais” para aqueles dispositivos que podem ser usados directamente numa ponte entre o mundo virtual e o real. Ou seja, projectos já em curso como o carro sem condutor ou os óculos – ambos da Google – devem conhecer evoluções consideráveis. Mas também dispositivos médicos que medem sinais como pressão arterial , níveis de glucose, etc. (em Portugal já há um protótipo assim) e que nos alertam se pisarmos o risco. E espera-se por outro gadget, um relógio da Apple que, segundo aquele semanário britânico, vai ser um dos “grandes sobreviventes da era Obama”. O Facebook e afins que se cuidem, avisam estes especialistas.

Ricardo Nabais

Ambiente

Menos gases com efeito de estufa

Um “acordo universal e significativo em 2015”, antecipou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em reacção ao acordo de luta contra o aquecimento global aprovado este mês na cimeira de Lima (onde, pela primeira vez, todos os países participantes se comprometeram a reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa). Na Conferência do Clima de Paris, agendada para Dezembro de 2015, são esperadas entre 40 e 50 mil pessoas, de mais de 95 países, para assinar um pacto para combater as transformações pelas quais passa o clima mundial. Com efeitos práticos a partir de 2020, o acordo de Paris determinará todos os esforços para contenção das emissões de gases com efeito de estufa. O objectivo da Nações Unidas é limitar a elevação do aquecimento global em até 2º C, ou seja, para níveis pré-indústria. Os cientistas já avisaram que, a manterem-se os níveis de crescimento actuais, o clima terrestre pode entrar em colapso. Um indicador positivo, ainda que ténue, para atingir um acordo global, é o consenso entre os dois países que mais emitem estes gases. Em Novembro, a China e os EUA acordaram cortar as emissões de gases. Os EUA em 28% em 11 anos e a China a produzir 20% de energia limpa até 2030, ano em que reduzirá a poluição.

Sónia Balasteiro

Atenção a…

Nicolas Sarkozy

Com o Presidente François Hollandea bater recordes de impopularidade, o seu antecessor decidiu voltar à ribalta. Em Novembro foi eleito líder do partido com 64,5%, mas a candidatura presidencial depende de eleições primárias em que terá de enfrentar os ex-PMs Alain Juppé e François Fillon.

Jean-Claude Juncker

No primeiro ano completo à frente da Comissão Europeia, o luxemburguês terá como missão dar vida ao plano de investir 300 mil milhões na recuperação económicada Europa.

Kim Jong-Un

O ataque informático à Sony, nas vésperas da estreia de um filme que satiriza o seu regime, é mais uma prova da sua intolerância à crítica. Apesar do isolamento e da pobrezacrónica, a nuclear Coreia do Norte continuará bem presente no palco internacional. 

Infanta Cristina

Será o primeiro membro da família real a responder em tribunal. A irmã do Rei de Espanha é acusada de cumplicidade nos crimes fiscais do marido.