As perícias à roupa que o dux usava foram pedidas pelos familiares das vítimas ao juiz de Setúbal que reabriu o caso para tentarem demonstrar que o único sobrevivente não tinha estado em contacto com água do mar. Os resultados chegaram há cerca de um mês. “Só foram encontradas duas diatomáceas [algas unicelulares] que existem nas águas doces. Não foi encontrada nenhuma de água do mar”, explicou ao SOL Parente Ribeiro, acrescentando que foi, entretanto, autorizada pelo juiz a audição de um perito do Laboratório de Polícia Científica, que poderá esclarecer com mais detalhe as conclusões deste exame pericial.
As roupas do dux - um par de calças, uma gravata, um colete, um gorro e um par de sapatos – só foram entregues pelo sobrevivente às autoridades para análise três meses depois da tragédia. Apesar disso “todo o material encontrava-se molhado”, refere o relatório do Laboratório de Polícia Científica.
O mesmo relatório concluía que havia vestígios de cloreto de sódio (sal) nas roupas. As famílias das vítimas pediram por isso ao juiz que, depois de novas análises, as autoridades precisassem “se o cloreto de sódio existente na água do mar é diferente do cloreto de sódio do sal comum de cozinha?”. Mas segundo a resposta do Laboratório de Polícia Científica, “não é possível distinguir entre os dois, porque o sal de mesa é sal marinho”, disse ao SOL o advogado.
Em breve deverão também ser ouvidas por videoconferência as quatro testemunhas – três alunos e uma professora da Universidade Lusófona – que o juiz não inquiriu a 20 de Novembro, como previsto, por ter sido, entretanto, alvo de um pedido de escusa por parte das famílias das vítimas. Estas pediram o afastamento do magistrado Nélson Escórcio por considerarem que este tinha uma “convicção pré-definida” do caso. Mas o Tribunal da Relação de Évora não lhes deu razão e, a 18 de Dezembro último, recusou o pedido. Uma vez que Parente Ribeiro alega que não deverá recorrer da decisão, Nelson Escórcio vai continuar à frente do processo.