Cartões nos supermercados mostram mercado

O Pingo Doce, do grupo Jerónimo Martins, levantou no início do ano a limitação do pagamento das compras com cartões em valores inferiores a 20 euros nos seus supermercados. É a face com mais bonomia do mercado, e aquela que realmente funciona.

Devo dizer que praticamente tinha deixado de frequentar o Pingo Doce, por causa daquela medida. E a minha mulher, que quase exclusivamente se fornecia ali, passou a andar mais por outros supermercados, mesmo sem deixar aquele. Cheguei a pensar que os nossos exemplos não eram significativos, ao constatar a persistência da medida, e ver sempre gente nas Caixas do Pingo Doce. Afinal, deve ter havido muito mais gente como eu e a minha mulher. Este é o lado bom dos mercados, a adaptarem-se às reacções da clientela. Infelizmente, nada tem que ver com a voracidade dos mercados financeiros, que se limitam a espremer a maioria dos clientes que os alimentam, para apenas tratarem bem a minoria mais folgada – com quem gastam os lucros obtidos com a tal maioria arranhosada.

Mas falta muito, apesar das evidências, para os neófitos do liberalismo (ou da desregulação) o entenderem. Se nem sequer entendem os teóricos em que se baseiam – e que na realidade se afirmaram menos radicais, e estiveram mais atentos aos resultados das suas teorias quando postas em prática.