A associação ambientalista realizou um levantamento sobre a gestão de baterias de automóveis que já não são utilizadas e "verificou que a única entidade gestora das três que existem que está a cumprir as metas previstas na licença é a Valorcar", disse à agência Lusa Pedro Carteiro.
Por outro lado, "identificamos uma grande quantidade de baterias, quase oito mil toneladas, que anualmente são geridas certamente por circuitos paralelos", o que levanta questões de segurança ambiental pois desconhece-se a forma como são desmanteladas e recicladas, realçou.
Para evitar esta situação, "a APA tem de começar a aplicar sanções às entidades gestoras que não cumprem com as metas previstas na licença", defendeu o especialista.
A Quercus apelou à APA para que seja criada uma "câmara de compensação para se compensar a entidade gestora que faça o maior esforço de recolha e reciclagem, o que também é válido para outros fluxos de gestão de resíduos".
Neste caso, "a Valorcar devia ter algum tipo de incentivo, uma vez que fez o trabalho de duas outras entidades gestoras", justificou Pedro Carteiro.
O técnico da Quercus apontou dificuldade em obter informações sobre a actividade das unidades gestoras deste tipo de resíduo, "uma vez que, nem a APA nem tão pouco as entidades gestoras, excepto a Valorcar, publicitam os seus dados anuais", ou responderam aos pedidos formais da associação.
"A APA acabou por responder mais tarde, depois de insistirmos com uma queixa junto à CADA" (Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos), avançou Pedro Carteiro.
Para o ambientalista, a falta de divulgação de informação das entidades gestoras e da APA "é completamente inconcebível, uma vez que o cidadão pagou às entidades gestoras, através dos produtos que consumiu, para darem seguimento aos produtos quando se transformam em resíduos e, no mínimo, devem reportar o que estão a fazer com esse dinheiro".
Segundo os dados obtidos pela Quercus, em 2013, a Valorcar recolheu para reciclagem 21.425 toneladas de baterias automóvel velhas, contra 24.136 toneladas recolhidas um ano antes, enquanto a GVB conseguia 6.240 toneladas (2013) e a Baterias Autosil 169 toneladas.
Quanto ao cumprimento das metas, a Valorcar ultrapassou em 33,5%, ao contrário da Baterias Autosil, que ficou 40% abaixo do limite, e da GVB, com menos 11,4%.
"Em termos ambientais, depois de identificarmos o problema, percebemos que a Valorcar estava a recolher uma grande quantidade de baterias, superior àquela que ela própria coloca no mercado, e suspeitamos que, ou estão a ser colocadas baterias no mercado sem pagar a devida ecotaxa, ou então a Valorcar estava a recolher pelas duas outras entidades", resumiu Pedro Carteiro.
As baterias contêm vários elementos que podem ser perigosos e contaminar linhas de água e solos, como o chumbo, produto que também tem valor de venda para reciclagem.
Lusa/SOL