“Ver humor ter como resposta violência e morte – é, tristemente, o fim do mundo.”, escreveu o humorista Nuno Markl na sua página oficial no Facebook.
Já Luís Pedro Nunes, directo do ‘Inimigo Público’, usou esta rede social para fazer uma observação: “O Charlie Hebdo faz o mais cruel dos humores. Hoje todos são Charlie. Ai não se faz humor com a morte dos cartoonistas do Charlie Hebdo. Então não são todos Charlie Hebdo”.
A modelo Ana Sofia Martins limitou-se a dizer “Estou chocada” e a apresentadora Rita Ferro Rodrigues assumiu uma atitude mais determinada: “Je suis Charlie. Não ceder ao terror e ao medo. Não nos calarão”, escreveu na sua página oficial.
“O polícia já alvejado, a contorcer-se no chão, e o carrasco aproxima-se para disparar uma última vez, para assegurar a morte. Nada justifica isto”, afirmou a jornalista Joana Latino no Facebook. Também a fadista Cuca Roseta fez questão de mostrar a sua posição sobre o assunto: “Contra o terror e o crime brutal ocorrido em França, aqui presto também a minha solidariedade para com todas as vítimas e famílias envolvidas no atentado. Com sincero pesar, estejamos unidos sempre”.
Mas há quem veja as coisas por uma outra perspectiva
Uma das publicações que tem gerado mais polémica é a de Gustavo Santos, apresentador do programa ‘Querido, Mudei a Casa’ e ‘life coach’.
“Liberdade de expressão é uma coisa, desrespeito gratuito e egóico pelas mais altas crenças dos outros, sejam elas quais forem, é outra. Infelizmente, um e outro ponto colidiram hoje. Que uns sejam apanhados e severamente julgados pelo que fizeram e que outros, os que tiveram sorte e ficaram, assim como tantos outros que fazem carreiras a ridicularizar a verdade de quem não conhecem de lado nenhum, aprendam alguma coisa com isto! Opinar sim, questionar também, agora gozar sistematicamente com convicções alheias é que me parece despropositado. Além disso, sempre que desrespeitamos alguém desta forma, estamos a trazer uma potencial ameaça para a nossa vida! Cuidem-se! Boa tarde!”, escreveu na sua página oficial no Facebook.
Foram vários os utilizadores que não gostaram da reacção de Gustavo Santos e encheram a sua publicação com comentários a acusá-lo de “desrespeito” e “falta de noção”.
Houve mesmo quem, sem fazer referência a este caso específico, usasse o Facebook para falar sobre as pessoas que defenderam que os cartoonistas se tinham “posto a jeito”.
“E ainda me entristece mais saber que muito boa gente acha que “eles também já andavam a pedi-las”, a ofender a Sensibilidade alheia daquela maneira. Pessoas que sabem com muita precisão para que serve o humor: “Brincar sim, ofender não””, escreveu o escrito Rui Zink na sua página naquela rede social.
Também o locutor de rádio Rui Maria Pêgo, filho da apresentadora Júlia Pinheiro, fez questão de partilhar os seus pensamentos sobre o assunto: Puseram-se a jeito. “Puseram-se a jeito por brincar com o Islão. Puseram-se a jeito e agora têm 12 mortos na redacção.Puseram-se a jeito. Então agora que morram porque se puseram a jeito. Não se brinca com as religiões. Com o sexo. Com os movimentos de extrema esquerda. Ou direita. Ou a procriação médica assistida. Ou o aborto. Ou o nariz de um político. Usas uma saia curta, és violada. Então…Puseste-te a jeito! Não se brinca. Quem brinca, põe-se a jeito e leva um balázio na boca. E mereceu. Porquê? Porque se pôs a jeito. Bem-vindo a 2015”.
Nuno Markl fez questão de voltar a falar sobre o assunto esta quinta-feira, mas desta vez foi para falar sobre o que o assusta: "Alarmado com a quantidade de participantes num fórum radiofónico que defendia a tese de que os artistas do Charlie Hebdo estavam a pedi-las. E que a liberdade de expressão deve ter limites e controlo. Um dos crimes dos monstros que mataram ontem aquelas pessoas foi terem adormecido o artista livre que havia nelas; o outro foi terem acordado o ditador fascista que há noutras".
Para além do 'post' de Gustavo Santos, existe uma outra publicação que está a gerar polémica. A eurodeputada Ana Gomes usou o Twitter para apontar as razões por detrás do ataque terrorista: “Horror ! O resultado das políticas anti- europeias de austeridade: Desemprego, xenofobia , injustiça , extremismo , terrorismo”. Vários utilizadores desta rede social reagiram de imediato às palavras de Ana Gomes. “@AnaGomesMEP há uma diferença enorme entre estar dentro de uma embaixada a andar na rua com carros a explodir ao lado”, lê-se num dos ‘tweets’.
joana.alves@sol.pt
Actualizada às 14h58