Os exames de ADN já realizados a ambos determinaram que se tratarão de pai e filho, já que esta é a probabilidade máxima cientificamente possível – de 99,97%. Em termos científicos, trata-se de uma “paternidade praticamente provada”, ou seja, não é possível um grau de probabilidade mais aproximado. O filho, hoje com 40 anos, tem perturbações mentais e reside com uma família de acolhimento na aldeia de Revenda, em Travassós. A mãe, que sofre igualmente de perturbações mentais, encontra-se internada há bastantes anos numa casa de acolhimento em Póvoa de Lanhoso e deverá ser igualmente chamada ao julgamento, marcado para 28 de Janeiro.
Caberá agora ao juiz do processo, em face dos exames científicos, decretar ou não a paternidade.
As várias frentes jurídicas do caso do ‘escravo’ de Coucieiro têm sido possíveis graças à persistência do advogado Reinaldo Veloso Martins, de Vila Verde, que no primeiro processo conseguiu a condenação, em 2011, dos familiares do jovem que o tinham mantido em cativeiro. Trata-se de um casal e dois filhos, ambos já de maior idade, condenados a cinco anos de prisão por crimes de maus-tratos. A pena foi suspensa na condição de indemnizarem a vítima em 101 mil euros, pelo trabalho que nunca havia sido pago ao longo de 24 anos, na Quinta de Mascate, em Coucieiro. O chefe da família foi ainda condenado por abuso de confiança, por ter ficado com um total de 18.500 euros de vales da Segurança Social, das prestações mensais da pensão de invalidez do jovem. A indemnização já foi paga pelos arguidos.
O ‘escravo de Vila Verde’ esteve 24 anos na Quinta de Mascate, até a situação ter sido denunciada à Segurança Social, em 2004, por um jovem de Braga que por acaso se deslocara à freguesia. Seria libertado por uma força especial da GNR de Vila Verde, cumprindo ordem do Ministério Público.