Só que o processo está longe de ser célere. De acordo com os novos estatutos da RTP e RDP, essa assembleia-geral terá que ser convocada com um aviso prévio de pelo menos 30 dias, pelo accionista – ou seja, o Estado, mais concretamente o ministro da tutela, Miguel Poiares Maduro. E até ontem ainda não tinha sido entregue nenhuma convocatória.
Os novos membros – falta conhecer o terceiro vogal, cujo nome terá que será validado pela ministra das Finanças – terão também que ser ouvidos pelo Parlamento, antes de serem investidos nas suas funções pela Assembleia-Geral. É o que estipulam os estatutos da Rádio e Televisão de Portugal, S.A., publicados a 9 de Julho de 2014. Na melhor das hipóteses, a assembleia-geral acontecerá na quarta-feira de cinzas, a seguir ao Carnaval.
Inês de Medeiros, deputada da Comissão Parlamentar para a Ética, Cidadania e a Comunicação, disse ao SOL que não está ainda nenhuma audição marcada e que “a administração de Alberto da Ponte continua em funções com plenos poderes, enquanto não for formalmente demitida”.
António Feijó, presidente do CGI, adiantou ao SOL que “seria preferível que o actual CA renunciasse ao cargo”. Seria uma forma de “acelerar o processo”. Nada indica que isso vá acontecer, até porque, na audição no Parlamento, no final do ano passado, Alberto da Ponte avançou com a hipótese de processar o Estado por o seu nome ter sido desacreditado na praça pública.
Nomes bem vistos
Entretanto, a Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública (CRESAP) também terá que dar parecer, embora não vinculativo, sobre os novos membros.
Os nomes indigitados para a administração na segunda-feira têm sido acolhidos com agrado e expectativa. A Comissão de Trabalhadores da RTP, que acusou a administração cessante de ter “destruído” o serviço público, viu agora com bons olhos a chegada de Gonçalo Reis e Nuno Artur Silva. “Nuno Artur Silva é uma pessoa de referência do meio televisivo e isso é positivo. É uma pessoa da área, mas agora depende de como vai ser o projecto”, disse o presidente da CT, Camilo Azevedo, à agência Lusa.
Gonçalo Reis, 45 anos, indicado para presidente, foi deputado do PSD e, entre 2002 e 2007, integrou a administração da RTP liderada por Almerindo Marques. Foi administrador da Estradas de Portugal e vereador da Câmara de Lisboa durante o mandato de Santana Lopes. Actualmente, estava no fundo Explorer Investments.
Nuno Artur Silva, 52 anos, foi fundador das Produções Fictícias, empresa conhecida pelo seu trabalho na área do humor, e com muitos programas célebres na RTP, como os vários talk shows de Herman José e mais recentemente os Contemporâneos. É igualmente um dos criadores e director do Canal Q. Com a entrada na RTP cessa todas as funções anteriores. E as Produções Fictícias ficam proibidas de contratar com a RTP, uma situação negativa para a empresa que já em 2014 não teve qualquer contrato para o serviço público.
Entretanto, o CGI ainda não emitiu comunicado sobre os critérios de escolha da administração e a estratégia que a empresa irá seguir. Ao SOL, António Feijó referiu que primeiro foi determinado o “perfil dos gestores” que o CGI deseja e depois foram encontrado os candidatos certos: Gonçalo Reis por ter “capacidades de gestão muito efectivas e conhecimento da RTP” e Nuno Artur Silva para a área dos conteúdos, por “ter grandes conhecimentos sobre programação”.