“A raposa, o ouriço-caixeiro e o coelho, nos animais de maior porte, e as rapinas nocturnas, como o mocho e a coruja, entre as aves, são os animais que mais frequentemente são observados em acidentes nas estradas portuguesas”, pode ler-se no site da Universidade de Aveiro (UA). “Durante o Outono e Primavera tem sido registada elevada mortalidade de anfíbios” informa-se também.
Numa parceria entre esta Universidade com as suas congéneres do Porto e Évora e a GNR, já foi desenvolvido um estudo com o título “Avaliação dos impactos das infra-estruturas lineares nas populações de ungulados [com unhas desenvolvidas ou cascos]”. O trabalho de pesquisa foi realizado, nas regiões Centro e Norte, por Sara Isabel Marques, da Unidade de Vida Selvagem da UA, coordenada cientificamente por Carlos Fonseca.
A investigação teve como objectivo “reconhecer o javali como a espécie de ungulado mais afectada” por estes acidentes, bem como a identificação de medidas que possam minimizar estas ocorrências. O estudo defende que “devem ser aplicadas medidas de mitigação” nas vias em que se registam mais acidentes com estes animais ungulados, como por exemplo “mais sinalização, construção de passagens para fauna e vedação das infra-estruturas”.
Carlos Fonseca recomendou que sempre que exista na estrada sinalização a indicar a presença de caça grossa “é necessário moderar a velocidade”, frisando que se trata de uma situação de perigo para a circulação automóvel, pela qual, em caso de colisão, “o condutor é geralmente responsabilizado”.
“Em Portugal, ao contrário de outros países da União Europeia, as seguradoras não cobrem este tipo de acidentes com animais selvagens”, disse à Lusa.
O biólogo admitiu, no entanto, que possam ser responsabilizadas “as entidades que estão a organizar caçadas”, quando os acidentes envolvem animais em fuga durante batidas e montarias.
A Lusa avançou ainda que, segundo dados da Divisão de Comunicação e Relações Públicas da GNR, de Janeiro a Setembro de 2013 ocorreram em Portugal Continental 1.091 acidentes de viação com animais, selvagens e domésticos.
O protocolo já permitiu que fosse fornecida à GNR uma formação por parte de investigadores das três universidades, “que incluiu a distribuição de guias de identificação de animais”. Tal como se pode ler no site da UA, “a partir do registo dos acidentes, as universidades analisarão os dados, nomeadamente tendo em atenção os locais onde existe maior número de ocorrências, estudando o impacto da rede viária na viabilidade das populações de animais silvestres.”